São Paulo, domingo, 19 de maio de 2002

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"Misto" tenta apagar fama ruim do álcool

DA REPORTAGEM LOCAL

O automóvel com motor flexível pode eliminar o trauma que os brasileiros têm do veículo movido a álcool. Isso porque o novo veículo permite que o motorista abasteça o tanque com qualquer tipo de mistura de gasolina com álcool, ou mesmo apenas com um dos combustíveis.
Essa facilidade elimina o pesadelo que boa parte dos motoristas do país viveu por volta de 1989, quando a política de contenção das tarifas públicas do governo José Sarney tornou o preço do álcool muito barato.
Isso tornou o álcool pouco rentável para os usineiros, que preferiram produzir então açúcar e exportá-lo. A escassez de álcool prejudicou vários motoristas, que ficaram sem combustível para seus veículos.
As cenas de filas intermináveis de carros em postos com álcool e de centenas de motoristas empurrando seus veículos sem combustível pelas ruas ficaram na memória da população, que passou a rejeitar o álcool.

Caos
O caos do desabastecimento foi fatal para o Proálcool, programa criado pelo governo Figueiredo em 1979. Criado para garantir combustível para a frota de automóveis do país durante a crise do petróleo daquele ano, o programa foi um sucesso até 1986.
Em 1984, por exemplo, 94% da produção de veículos das montadoras era de modelos movidos a álcool. Os automóveis eram menos poluentes, e o Brasil passou a depender menos do petróleo importado. Com o desastre do Proálcool em 1989, os consumidores deixaram de procurar os veículos a álcool. Em 1997, apenas 0,06% da produção das montadoras era desses automóveis.
Nos últimos anos, porém, o carro passou a ser procurado principalmente por usineiros. Deve representar neste ano 3% da produção das montadoras. Além disso, a gasolina comum vendida nos postos têm 20% a 25% de álcool anidro, o etanol.
As montadoras têm investido também em veículos a hidrogênio ou mesmo a água, mas os projetos são embrionários. (LV)


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