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São Paulo, segunda-feira, 19 de maio de 2003

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CRISE NO AR

Empresas negam divergências, mas fato é que aeronave não foi usada no início do compartilhamento de vôos

Varig ainda resiste ao Fokker-100 da TAM

DA REPORTAGEM LOCAL

O conturbado relacionamento da Varig com a TAM para a fusão das empresas tem esbarrado em uma questão técnica. Além de os controladores da Varig (Fundação Ruben Berta) colocarem resistências políticas para a união, a Folha apurou que o fato de a TAM trabalhar com Fokker-100 não é bem aceito pela Varig.
Os Fokker-100 não chegam a ser um empecilho para a fusão, mas já houve divergências entre as empresas sobre o assunto. O auge ocorreu em março, quando a TAM e a Varig iniciaram o compartilhamento de vôos (ou "code share").
Segundo a Folha apurou, a TAM queria desde o início incluir Fokker-100 nos vôos compartilhados. A Varig recusou, pois considera que a imagem do aparelho não é positiva entre os passageiros do Brasil. A TAM possui 53 Airbus e 21 Fokker-100 em uso.

Desconfiança
A Varig entende que boa parte das pessoas que voam no Brasil não confia no Fokker-100, após os oito acidentes (três com mortes) da TAM com esses aviões desde 1996.
Os próprios executivos da Varig consideram a rejeição ao avião equivocada. Entendem que o Fokker-100 é tão seguro quanto os Boeing 737-300 da sua empresa ou os Airbus-320 da TAM que entraram na operação conjunta desde o início. Mas não queriam o "code share" com o Fokker-100.
Os executivos da Varig aceitaram somente no último dia 5, quando os vôos da TAM usados no compartilhamento passaram a representar 52% do seu total. Na Varig, a malha usada no "code share" é de 57%.
A TAM conseguiu colocar 8 dos 21 Fokker-100 na parceria. Ela nega ter havido problemas com a Varig sobre o uso da aeronave. Diz que o Fokker-100 é seguro e que não entrou na fase inicial do compartilhamento porque faz rotas que não saem de aeroportos como o de Congonhas, em São Paulo.
O Fokker-100, no entanto, é um problema para a TAM, segundo especialistas do setor. Depois de registrar três acidentes (sem mortes) com esse tipo de avião entre o final de agosto e meados de setembro de 2002, a empresa decidiu acelerar a substituição da frota. A companhia diz que precisou reduzi-la por causa da retração do mercado.

Horário de pico
A TAM afirma que não usa os Fokker-100 em aeroportos como Congonhas porque necessita de aviões maiores nos horários de pico. Alguns operam hoje na TAM Mercosur, com sede no Paraguai.
A Folha apurou, no entanto, que a imagem de segurança da companhia com o público em 2002 estava em jogo depois dos acidentes com o Fokker-100.
No dia 30, a Fundação Ruben Berta, dona da Varig, aprovou a continuidade do processo de fusão da empresa com a TAM. Mas o destino final dos Fokker-100 ainda não foi definido pelos executivos.
Segundo um analista do setor aeronáutico do país, a Varig não poderá forçar a TAM a se livrar dos Fokker-100. A nova empresa que surgiria da fusão tentaria, porém, se livrar desses aviões a médio prazo.


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