|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CRISE NO AR
Empresas negam divergências, mas fato é que aeronave não foi usada no início do compartilhamento de vôos
Varig ainda resiste ao Fokker-100 da TAM
DA REPORTAGEM LOCAL
O conturbado relacionamento
da Varig com a TAM para a fusão
das empresas tem esbarrado em
uma questão técnica. Além de os
controladores da Varig (Fundação Ruben Berta) colocarem resistências políticas para a união, a
Folha apurou que o fato de a
TAM trabalhar com Fokker-100
não é bem aceito pela Varig.
Os Fokker-100 não chegam a ser
um empecilho para a fusão, mas
já houve divergências entre as
empresas sobre o assunto. O auge
ocorreu em março, quando a
TAM e a Varig iniciaram o compartilhamento de vôos (ou "code
share").
Segundo a Folha apurou, a
TAM queria desde o início incluir
Fokker-100 nos vôos compartilhados. A Varig recusou, pois
considera que a imagem do aparelho não é positiva entre os passageiros do Brasil. A TAM possui
53 Airbus e 21 Fokker-100 em uso.
Desconfiança
A Varig entende que boa parte
das pessoas que voam no Brasil
não confia no Fokker-100, após os
oito acidentes (três com mortes)
da TAM com esses aviões desde
1996.
Os próprios executivos da Varig
consideram a rejeição ao avião
equivocada. Entendem que o
Fokker-100 é tão seguro quanto
os Boeing 737-300 da sua empresa
ou os Airbus-320 da TAM que entraram na operação conjunta desde o início. Mas não queriam o
"code share" com o Fokker-100.
Os executivos da Varig aceitaram somente no último dia 5,
quando os vôos da TAM usados
no compartilhamento passaram a
representar 52% do seu total. Na
Varig, a malha usada no "code
share" é de 57%.
A TAM conseguiu colocar 8 dos
21 Fokker-100 na parceria. Ela nega ter havido problemas com a
Varig sobre o uso da aeronave.
Diz que o Fokker-100 é seguro e
que não entrou na fase inicial do
compartilhamento porque faz rotas que não saem de aeroportos
como o de Congonhas, em São
Paulo.
O Fokker-100, no entanto, é um
problema para a TAM, segundo
especialistas do setor. Depois de
registrar três acidentes (sem mortes) com esse tipo de avião entre o
final de agosto e meados de setembro de 2002, a empresa decidiu acelerar a substituição da frota. A companhia diz que precisou
reduzi-la por causa da retração do
mercado.
Horário de pico
A TAM afirma que não usa os
Fokker-100 em aeroportos como
Congonhas porque necessita de
aviões maiores nos horários de pico. Alguns operam hoje na TAM
Mercosur, com sede no Paraguai.
A Folha apurou, no entanto,
que a imagem de segurança da
companhia com o público em
2002 estava em jogo depois dos
acidentes com o Fokker-100.
No dia 30, a Fundação Ruben
Berta, dona da Varig, aprovou a
continuidade do processo de fusão da empresa com a TAM. Mas
o destino final dos Fokker-100
ainda não foi definido pelos executivos.
Segundo um analista do setor
aeronáutico do país, a Varig não
poderá forçar a TAM a se livrar
dos Fokker-100. A nova empresa
que surgiria da fusão tentaria, porém, se livrar desses aviões a médio prazo.
Texto Anterior: Líder acumula alta de quase 100% Próximo Texto: Empresa vê boato e mentira em críticas de manutenção Índice
|