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São Paulo, segunda-feira, 19 de maio de 2003

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ATIVIDADE EM BAIXA

Chance de processo se instalar em vários países é considerado alto, segundo estudo do Fundo

FMI alerta para risco de deflação mundial

FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON

O FMI (Fundo Monetário Internacional) divulgou ontem estudo onde afirma existir o risco de o mundo entrar em um processo de deflação. O fenômeno ocorre quando os preços começam a cair como consequência da baixa atividade econômica.
Embora o risco seja considerado "baixo" levando-se em conta a economia global como um todo, ele é visto como "moderado" e "alto" em vários países importantes, como a Alemanha.
"Há o receio de um processo de declínio generalizado de preços tanto em economias desenvolvidas como em mercados emergentes. O temor é que a pressão deflacionária se aprofunde e se espalhe", diz o Fundo.
Os Estados Unidos, a maior economia do mundo, figuram na lista de risco "baixo". O FMI ressalta, contudo, que a possibilidade de a deflação ocorrer está longe de ser "mínima".
Alemanha e Japão, país que já convive com a estagnação há três anos, encabeçam a lista dos enquadrados como risco 'alto".
Bélgica, Finlândia, Noruega, Portugal, Suécia e Suíça estão na lista do risco "moderado", mesmo sem levar em conta os efeitos que uma deflação na Alemanha poderá ter sobre toda a economia européia. Se o cenário se concretizar na maior economia da Europa, o processo deflacionário na região tende a se aprofundar.
O estudo do Fundo, divulgado em um dia pouco usual como um domingo, foi revelado depois que os Estados Unidos registraram deflação recorde de 1,9% nos preços no atacado e de 0,3% ao consumidor na semana passada.
Pelos critérios do Fundo, a deflação ocorre quando os preços sobem menos do que 1% ao ano.
O FMI ressalta que uma deflação nos EUA tende a ocorrer principalmente se a taxa de desemprego no país chegar próxima a 8% do PIB e se o crescimento econômico ficar abaixo de 1% nos próximos 18 meses.
O desemprego nos EUA vem acelerando e está hoje na faixa de 6%. O crescimento do país projetado pelo próprio FMI para 2003 é de 2,2%, mas muitos economistas já duvidam dessa previsão.
Além das economia de países ricos, o Fundo listou vários emergentes dentro da categoria de risco "baixo". Coréia do Sul, Índia, México, Polônia e Tailândia estão nessa lista. A China também, embora o FMI ressalte que os preços têm caído no país mais em função do aumento da produtividade das empresas.
Tanto o Departamento do Tesouro norte-americano quanto o próprio Fundo têm alertado por diversas vezes a União Européia e o Japão para que aprofundem suas reformas e tomem medidas de estímulo em suas economias.
Com a taxa básica de juros a 1,25% ao ano, o menor nível em quatro décadas, e com dólar 25% mais fraco em relação ao o euro, já é praticamente um consenso nos EUA de que o país está ficando sem opções para sustentar seu próprio crescimento.


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