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TENSÃO PRÉ-COPOM
Turbulência financeira aumenta as taxas futuras, e o custo é repassado para as operações de crédito
Mercado ignora BC, e juro ao consumidor sobe
ADRIANA MATTOS
ÉRICA FRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL
A sociedade brasileira já paga
mais caro em operações de crédito independentemente da decisão
sobre a Selic (taxa básica) que será
anunciada hoje pelo Banco Central. As turbulências nas últimas
semanas fizeram com que os juros praticados em operações do
mercado financeiro disparassem,
levando a reboque as taxas cobradas do consumidor no varejo.
Nas operações de CDC (Crédito
Direto ao Consumidor), realizadas para a venda de automóveis,
por exemplo, houve elevação das
taxas em abril, em relação a março: de 51,1% para 52,1% ao ano,
segundo a Anefac, entidade que
representa os executivos de finanças. Nas operações de crediário
concluídas em abril, também subiram as taxas praticadas em lojas
de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul,
Santa Catarina, Paraná e Brasília.
Em média, a alta foi de 0,17%.
Há dois meses as taxas de empréstimos em financeiras e em
bancos para pessoas físicas sobem. No primeiro caso, os juros
passaram de 287,52% para
291,69% ao ano. No segundo, de
99,40% para 101,45% anuais.
Esse movimento é reflexo da alta dependência do comércio: como parte das lojas no país não
tem capital próprio, elas precisam
captar recursos no mercado financeiro para vender a prazo.
Essas taxas cobradas pelas financeiras dependem dos juros
praticados em operações no mercado futuro, que, em momentos
de estabilidade, seguem a Selic
(hoje em 16% ao ano), determinada pelo BC.
Mas essa correlação pode ser
rompida. Em períodos de otimismo, as taxas praticadas em operações de longo prazo podem cair
mais rapidamente que a Selic, se
as apostas são que a inflação cairá.
Já em fases de pessimismo, o
mercado pode perceber riscos
que pressionem a inflação e dificultem a rolagem das dívidas do
governo no futuro. Com isso, as
taxas de longo prazo sobem, como agora. As taxas prefixadas para 360 dias passaram de 15,2%, em
janeiro, para 17,7%. E os juros ao
consumidor, formados pelas taxas futuras mais um percentual
referente ao risco de crédito,
acompanharam o movimento.
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