|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
TENSÃO PRÉ-COPOM
Taxa com a inflação descontada atinge 11,3%, aponta estudo
Juro real é o mais alto desde agosto
DA REPORTAGEM LOCAL
A taxa de juros real (descontada
a inflação), que influencia as decisões de investimentos privados
no país, atingiu 11,3%, patamar
mais elevado desde agosto de
2003. A possível persistência desse cenário poderá arranhar seriamente a já lenta recuperação econômica dos últimos meses.
Os 11,3% foram calculados pela
consultoria GlobalInvest com base na taxa prefixada de juros para
um período de 360 dias e nas projeções do mercado para a inflação
pelos próximos 12 meses.
É uma medida usada por analistas para avaliar o desempenho futuro da economia. Isso porque investidores utilizam essa taxa de
juros reais para tomar decisões.
Quando os juros reais projetados estão baixos, empresários
concluem que poderão lucrar
mais investindo na atividade produtiva do que aplicando no mercado financeiro a essas taxas. O
contrário tende a ocorrer quando
os juros futuros estão em alta.
"Esse é o custo de oportunidade
de investimento levado em conta
por empresários para planejar
suas decisões futuras", afirma
Alexandre Maia, economista-chefe da Gap Asset Management.
Atualmente, como as taxas no
mercado futuro estão em alta, devido à maior percepção de risco
para o país, os juros reais dispararam. Depois de cair para 8,7% em
janeiro deste ano, subiram para
11,3% agora.
As conseqüências negativas para a economia desse movimento
das taxas praticadas pelo mercado em operações de prazos mais
longos podem ocorrer por dois
caminhos complementares.
Em primeiro lugar, empresários
tendem a adiar decisões de investimento. Além disso, com as taxas
mais altas dos crediários, consumidores podem postergar também suas compras.
Isso, no entanto, dependerá, segundo economistas, do tempo em
que as taxas de juros futuros permanecerão pressionadas.
"Se essa situação durar alguns
meses, poderá ter efeitos ruins sobre a atividade econômica", afirma Marcelo Cypriano, economista do BankBoston.
Segundo Cypriano, o ideal é que
a decisão do BC hoje contribua
para o recuo dos juros futuros.
"Se o mercado interpretar que o
BC tomou a decisão correta e que
não existem grandes ameaças em
relação à inflação, os juros futuros
poderão cair", diz ele.
No entanto, as taxas futuras
também poderão continuar sofrendo influência do mercado internacional, como vem ocorrendo nas últimas semanas. Se isso
acontecer, os efeitos da decisão do
BC poderão ser anulados.
De acordo com Sandra Utsumi,
economista-chefe do BES Investimentos, a tendência é que os juros
futuros continuem pressionados,
pelo menos até junho, quando
ocorrerão as reuniões do Fed (Federal Reserve, Banco Central norte-americano) e da Opep (Organização dos Países Exportadores de
Petróleo). A expectativa sobre juros nos Estados Unidos e a tendência dos preços do petróleo têm
sido as principais causas recentes
de turbulência nos mercados.
(ÉRICA FRAGA)
Texto Anterior: Tensão pré-Copom: Mercado ignora BC, e juro ao consumidor sobe Próximo Texto: Tensão pré-Copom: Investidor projeta queda dos juros hoje Índice
|