|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CRISE NO AR
Nenhuma companhia aérea fez proposta para empréstimo-ponte, só 2 grupos financeiros e 1 de trabalhadores
Crédito do BNDES à Varig não atrai setor
JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO
MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL
A disputa pela Varig começou
sem concorrentes do setor. Os
três grupos que procuraram o
BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) dispostos a receber recursos
do banco e capitalizar a companhia (o chamado "empréstimo-ponte") são de origem financeira
ou formados por trabalhadores.
Para fontes do setor, as chances
de aprovação dessas propostas
são pequenas. Os funcionários representados pelo TGV (Trabalhadores do Grupo Varig) apresentaram uma das propostas. O grupo
já havia afirmado que estava disposto a participar da reestruturação da companhia aérea.
Durante a última assembléia de
credores, Marcio Marsillac, coordenador do TGV, informou que o
grupo tentaria adquirir uma participação minoritária na Varig
por meio de um consórcio a fim
de capitalizar a companhia. O
TGV já tinha procurado o BNDES
em iniciativas anteriores para obter um empréstimo do banco e
chegou a pedir US$ 100 milhões.
Enquanto os funcionários estão
dispostos a reduzir salários e postos de trabalho, os outros grupos
interessados no empréstimo estão interessados na remuneração
que a operação oferece: uma das
propostas apresentadas foi a de
um banco especializado em crédito imobiliário, o BRJ, do Rio.
A instituição não está interessada em participar do leilão da Varig, mas apenas em estruturar o
empréstimo-ponte para a companhia, através de um fundo. Segundo Marcelo Bastos, consultor do
banco, a idéia é criar um fundo de
investimento em direito creditório, do qual o BNDES se tornaria o
único cotista através do aporte de
até R$ 350 milhões (limite máximo dado pelo banco para o empréstimo-ponte).
O aporte seria usado para capitalizar a Varig, através da compra
de recebíveis de cartão de crédito
da empresa (ou seja, os valores
que a companhia tem direito a receber no futuro de passageiros
que compraram bilhetes a prazo).
Quando chegar o leilão de venda das operações da Varig, que
deve ocorrer em julho, o comprador devolveria o valor do aporte
ao BNDES, zerando o fundo.
Uma outra alternativa proposta
ao banco, diz ele, é que se permita
a colocação de cotas desse fundo
no mercado para investidores interessados, dando continuidade à
operação de compra dos recebíveis da companhia.
A terceira propostas apresentada, de acordo com o que a Folha
apurou, também é de estruturação do empréstimo através de um
fundo de investimento.
A Varig havia informado anteriormente que poderiam participar do empréstimo investidores
que não quisessem comprar uma
parcela da companhia. Eles teriam direito a uma remuneração
de 200% do CDI (Certificado de
Depósito Interbancário, que
acompanha a taxa básica de juros
definida pelo Banco Central).
O objetivo do empréstimo-ponte é permitir que a Varig, cuja situação de caixa piora a cada dia,
continue a voar até o dia do leilão
de suas operações.
Surpresa
O aparecimento de três propostas oficiais no BNDES para participar de um empréstimo de até
US$ 250 milhões, dos quais US$
167 milhões poderiam ser financiados pela instituição, surpreendeu até mesmo os administradores da companhia aérea.
Pouco antes de ser comunicado
da decisão, no fim da última quarta-feira, Marcelo Gomes, diretor
da consultoria Alvarez & Marsal,
reestruturadora da Varig, chegou
a afirmar que nenhuma empresa
havia se candidatado porque as
condições impostas pelo BNDES
eram similares às do mercado.
De acordo com o diretor, 14 empresas procuraram a Varig para
participar do leilão e estavam dispostas a realizar o empréstimo
com recursos próprios. Em razão
do caixa apertado da Varig, o
BNDES optou por exigir uma carta-fiança equivalente ao montante a ser financiado.
Texto Anterior: Não há espaço para nova desoneração, diz Receita Próximo Texto: Teles: Decisão sobre BrT vai para árbitro, diz juiz Índice
|