|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
BCs sinalizam fim do ciclo de corte de juros
Membros do Fed e do Banco da Inglaterra ressaltam risco de inflação, e operadores já falam em aumento das taxas
Nos EUA, juros foram
reduzidos em 3,25 pontos
percentuais, para 2% ao
ano; BC britânico cortou sua
taxa três vezes, para 5%
DA BLOOMBERG
Os bancos centrais mais poderosos do mundo estão sinalizando o fim dos cortes nas taxas de juros, e os operadores já
têm a expectativa de que serão
dados os primeiros passos na
direção oposta.
Autoridades do Fed (Federal
Reserve, o BC dos EUA) destacaram na última semana os riscos de inflação, depois de terem
reduzido significativamente os
custos dos empréstimos sete
vezes desde setembro. O presidente do Banco da Inglaterra (o
BC do Reino Unido), Mervyn
King, revelou o pior cenário para os preços no país em uma década. A aceleração do crescimento justifica a recusa do presidente do BCE (Banco Central
Europeu), Jean-Claude Trichet, em cortar os juros como
reação à crise do crédito.
"Os bancos centrais estão
dando um tempo, mas isso pode se tornar o fim permanente
dos cortes de juros", disse Thomas Mayer, um dos economistas-chefes do Deutsche Bank
em Londres. "O risco de que
não teremos mais reduções por
parte do Fed e do Banco da Inglaterra aumentou e os mercados deixaram de lado a expectativa de relaxamento da política
do BCE."
O perigo é que os preços dos
alimentos e do petróleo cresçam tanto que a inflação substitua a alta no custo do crédito
como a principal ameaça à economia global.
A equipe do presidente do
Fed, Ben Bernanke, reduziu a
taxa básica de juros em 3,25
pontos percentuais, para 2% ao
ano. O Banco da Inglaterra cortou a sua principal taxa por três
vezes, para 5%.
Agora, a Merrill Lynch prevê
uma aceleração da inflação global, para 4,7% neste ano, a mais
alta desde 1999. Em 2007, a inflação global ficou acumulada
em 3,4%.
"A inflação está restringindo
a ação dos bancos centrais",
disse Tim Drayson, economista
global da ABN Amro Holding
em Londres. "Eles começam a
se dar conta de que terão que
ter economias mais fracas para
controlar a inflação."
Alguns operadores estão aumentando suas apostas de que
o Fed vai reverter os cortes recentes ainda neste ano. Os contratos futuros atrelados à taxa
interbancária dos EUA, negociados na Bolsa de Chicago, sinalizam a probabilidade de
22% de que o Fed aumente sua
taxa básica de juros para 2,25%
até a reunião marcada para 16
de setembro.
Risco de inflação
Os preços ao consumidor aumentaram menos do que o previsto em abril, mas os sinais de
que os mercados financeiros
estão melhorando levaram os
responsáveis pela política monetária dos Estados Unidos a
reavaliar os riscos enfrentados
pela economia.
A presidente regional do Fed
de San Francisco, Janet Yellen,
disse no último dia 13 que os
cortes realizados até o momento "podem levar à expectativa
de maior inflação e à erosão da
nossa credibilidade".
Trichet afirmou na semana
passada em um discurso em
Bruxelas que "não há lugar para
complacência" em relação à
pressão inflacionária. O BCE
mantém, desde junho do ano
passado, a taxa básica de juros
em 4% anuais.
Em uma entrevista em Viena, Klaus Liebscher, membro
do conselho diretor do BCE, sinalizou que a taxa básica de juros da zona do euro pode ser
mantida inalterada durante todo este ano.
Indagado sobre se o BCE poderia vir a reduzir os juros básicos ainda em 2008, ele respondeu que, "dados os riscos à estabilidade dos preços, acho que a
resposta é clara. Os riscos não
diminuíram".
Texto Anterior: Vencedores do pregão virtual em 2007 recebem prêmios Próximo Texto: Fazenda e BC divergem sobre inflação Índice
|