São Paulo, segunda-feira, 19 de maio de 2008

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BCs sinalizam fim do ciclo de corte de juros

Membros do Fed e do Banco da Inglaterra ressaltam risco de inflação, e operadores já falam em aumento das taxas

Nos EUA, juros foram reduzidos em 3,25 pontos percentuais, para 2% ao ano; BC britânico cortou sua taxa três vezes, para 5%

DA BLOOMBERG

Os bancos centrais mais poderosos do mundo estão sinalizando o fim dos cortes nas taxas de juros, e os operadores já têm a expectativa de que serão dados os primeiros passos na direção oposta.
Autoridades do Fed (Federal Reserve, o BC dos EUA) destacaram na última semana os riscos de inflação, depois de terem reduzido significativamente os custos dos empréstimos sete vezes desde setembro. O presidente do Banco da Inglaterra (o BC do Reino Unido), Mervyn King, revelou o pior cenário para os preços no país em uma década. A aceleração do crescimento justifica a recusa do presidente do BCE (Banco Central Europeu), Jean-Claude Trichet, em cortar os juros como reação à crise do crédito.
"Os bancos centrais estão dando um tempo, mas isso pode se tornar o fim permanente dos cortes de juros", disse Thomas Mayer, um dos economistas-chefes do Deutsche Bank em Londres. "O risco de que não teremos mais reduções por parte do Fed e do Banco da Inglaterra aumentou e os mercados deixaram de lado a expectativa de relaxamento da política do BCE."
O perigo é que os preços dos alimentos e do petróleo cresçam tanto que a inflação substitua a alta no custo do crédito como a principal ameaça à economia global.
A equipe do presidente do Fed, Ben Bernanke, reduziu a taxa básica de juros em 3,25 pontos percentuais, para 2% ao ano. O Banco da Inglaterra cortou a sua principal taxa por três vezes, para 5%.
Agora, a Merrill Lynch prevê uma aceleração da inflação global, para 4,7% neste ano, a mais alta desde 1999. Em 2007, a inflação global ficou acumulada em 3,4%.
"A inflação está restringindo a ação dos bancos centrais", disse Tim Drayson, economista global da ABN Amro Holding em Londres. "Eles começam a se dar conta de que terão que ter economias mais fracas para controlar a inflação."
Alguns operadores estão aumentando suas apostas de que o Fed vai reverter os cortes recentes ainda neste ano. Os contratos futuros atrelados à taxa interbancária dos EUA, negociados na Bolsa de Chicago, sinalizam a probabilidade de 22% de que o Fed aumente sua taxa básica de juros para 2,25% até a reunião marcada para 16 de setembro.

Risco de inflação
Os preços ao consumidor aumentaram menos do que o previsto em abril, mas os sinais de que os mercados financeiros estão melhorando levaram os responsáveis pela política monetária dos Estados Unidos a reavaliar os riscos enfrentados pela economia.
A presidente regional do Fed de San Francisco, Janet Yellen, disse no último dia 13 que os cortes realizados até o momento "podem levar à expectativa de maior inflação e à erosão da nossa credibilidade".
Trichet afirmou na semana passada em um discurso em Bruxelas que "não há lugar para complacência" em relação à pressão inflacionária. O BCE mantém, desde junho do ano passado, a taxa básica de juros em 4% anuais.
Em uma entrevista em Viena, Klaus Liebscher, membro do conselho diretor do BCE, sinalizou que a taxa básica de juros da zona do euro pode ser mantida inalterada durante todo este ano.
Indagado sobre se o BCE poderia vir a reduzir os juros básicos ainda em 2008, ele respondeu que, "dados os riscos à estabilidade dos preços, acho que a resposta é clara. Os riscos não diminuíram".


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