São Paulo, quarta-feira, 19 de maio de 2010

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ANÁLISE

Investimento é necessidade para a empresa

PAULA KOVARSKY
ESPECIAL PARA A FOLHA

Diante da incerteza em relação à aprovação do projeto de lei que permite o aumento de capital via cessão onerosa, a Petrobras tinha dois caminhos: aguardar o desenrolar das discussões políticas sobre a capitalização, resguardando para si alguma flexibilidade com respeito ao investimento planejado; ou ir em frente com o anúncio de aumento do plano de investimentos para os próximos cinco anos, colocando-se numa posição menos confortável, uma vez que não tem controle sobre o processo legislativo.
Mas mostrar flexibilidade no plano de investimentos poderia não transmitir ao Congresso a verdadeira urgência de votar o tal projeto de lei.
A decisão da Petrobras foi manter seu plano de investimentos, indicando pouca, ou nenhuma, flexibilidade de redução, ainda que temporária, no ritmo dos dispêndios.
Segundo a empresa, parcela relevante do orçamento para 2010, R$ 88,5 bilhões, já estaria comprometida, sendo, portanto, difícil reduzir o ritmo.
Só no primeiro trimestre do ano foram investidos R$ 17,8 bilhões, enquanto o endividamento líquido da empresa atingiu 32%, bem próximo do limite de 35% necessário para manter o "investment grade".
A Petrobras precisará fazer um aumento de capital em algum momento ao longo dos próximos dois anos, seja contando com a contribuição do governo através da cessão onerosa seja partindo para um aumento de capital normal, em que cada acionista pode subscrever com dinheiro ou títulos.
A Petrobras tem em suas mãos um portfólio invejável de reservas petrolíferas a serem desenvolvidas -e isso requer um investimento gigante.
Mas talvez a empresa pudesse se dar ao luxo de esperar um pouco, sem ter de colocar em risco a possibilidade de acessar os 5 bilhões de barris em áreas próximas a suas descobertas, podendo obter enormes ganhos de escala e compartilhamento de infraestrutura.
Caso o Congresso não aprove o projeto de lei a tempo, a empresa talvez acabe não tendo outra alternativa a não ser fazer um aumento de capital menor, da ordem de R$ 15 bilhões a R$ 25 bilhões, garantindo a execução de seu plano de investimento nos próximos cinco anos. Uma pena. Mas quem sabe tudo termine bem no dia 25.


PAULA KOVARSKY é analista de petróleo da Itau Securities.


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