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ANÁLISE
Investimento é necessidade para a empresa
PAULA KOVARSKY
ESPECIAL PARA A FOLHA
Diante da incerteza em relação à aprovação do projeto de
lei que permite o aumento de
capital via cessão onerosa, a Petrobras tinha dois caminhos:
aguardar o desenrolar das discussões políticas sobre a capitalização, resguardando para si
alguma flexibilidade com respeito ao investimento planejado; ou ir em frente com o anúncio de aumento do plano de investimentos para os próximos
cinco anos, colocando-se numa
posição menos confortável,
uma vez que não tem controle
sobre o processo legislativo.
Mas mostrar flexibilidade no
plano de investimentos poderia não transmitir ao Congresso a verdadeira urgência de votar o tal projeto de lei.
A decisão da Petrobras foi
manter seu plano de investimentos, indicando pouca, ou
nenhuma, flexibilidade de redução, ainda que temporária,
no ritmo dos dispêndios.
Segundo a empresa, parcela
relevante do orçamento para
2010, R$ 88,5 bilhões, já estaria
comprometida, sendo, portanto, difícil reduzir o ritmo.
Só no primeiro trimestre do
ano foram investidos R$ 17,8
bilhões, enquanto o endividamento líquido da empresa atingiu 32%, bem próximo do limite de 35% necessário para manter o "investment grade".
A Petrobras precisará fazer
um aumento de capital em algum momento ao longo dos
próximos dois anos, seja contando com a contribuição do
governo através da cessão onerosa seja partindo para um aumento de capital normal, em
que cada acionista pode subscrever com dinheiro ou títulos.
A Petrobras tem em suas
mãos um portfólio invejável de
reservas petrolíferas a serem
desenvolvidas -e isso requer
um investimento gigante.
Mas talvez a empresa pudesse se dar ao luxo de esperar um
pouco, sem ter de colocar em
risco a possibilidade de acessar
os 5 bilhões de barris em áreas
próximas a suas descobertas,
podendo obter enormes ganhos de escala e compartilhamento de infraestrutura.
Caso o Congresso não aprove
o projeto de lei a tempo, a empresa talvez acabe não tendo
outra alternativa a não ser fazer
um aumento de capital menor,
da ordem de R$ 15 bilhões a R$
25 bilhões, garantindo a execução de seu plano de investimento nos próximos cinco
anos. Uma pena. Mas quem sabe tudo termine bem no dia 25.
PAULA KOVARSKY é analista de
petróleo da Itau Securities.
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