São Paulo, terça, 19 de maio de 1998

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GLOBALIZAÇÃO
Governo russo eleva juros de 30% para 50% ao ano e deixa os mercados tensos; juros e dólar sobem no Brasil
Rússia empurra a Bovespa para baixo

CRISTIANE PERINI LUCCHESI
da Reportagem Local

A Bolsa de Valores de São Paulo teve ontem queda de 6,42%, a maior do ano, com o aumento dos juros na Rússia, de 30% ao ano para 50%, e o tombo de 12% no mercado acionário russo. Várias Bolsas do mundo também caíram.
Logo após as notícias sobre o aumento dos juros na Rússia chegarem ao Brasil, a Bolsa paulista caiu 8,21%. Mas houve uma caça às barganhas no final do pregão.
Os papéis PN da Telebrás terminaram o dia com cotações 7,18% menores e foram responsáveis por 52% do total negociado.
Os investidores temem que a Rússia, depois dos países asiáticos, seja agora a "bola da vez". Preocuparam especialmente a fuga de capitais do país e as pressões por uma desvalorização do rublo.
Em outubro do ano passado, o primeiro sinal a detonar a crise asiática foi justamente uma alta de juros em Hong Kong. No meio do furacão financeiro, o Brasil elevou seus juros básicos e a Rússia puxou os seus logo depois.
Contribuiu para o pânico no mercado reportagem publicada pelo "The Wall Street Journal". O jornal fala sobre o risco de um "crash" na Rússia, que poderia atingir os países do Leste Europeu e aumentar as taxas de risco de todos os países emergentes, inclusive do Brasil.
A Rússia é comparada com o Brasil nos mercados financeiros internacionais, principalmente no mercado de títulos da dívida externa renegociada.
Os C-bonds, títulos da dívida externa brasileira, também despencaram ontem, com as cotações caindo de 80,81% do valor de face no fechamento de sexta-feira para 76,75%. Fecharam em 77,63%.
Os mercados de juros e dólar no Brasil também tiveram um dia tenso. No fechamento, os juros subiram e o real teve desvalorização.
A queda na Bolsa de Nova York, de 0,5%, contribuiu para deixar tensos os investidores brasileiros. Mas foi pouco influenciada pela movimentação na Rússia ou Brasil. Os problemas jurídicos da Microsoft e a crise na Indonésia pesaram mais para deprimir o mercado de Wall Street.
O mercado brasileiro também foi afetado pelo fato de o Banco Mundial ter adiado a decisão sobre empréstimo de US$ 1,2 bilhão à Indonésia.
Com a depressão no mercado acionário, o primeiro dia de negociação dos papéis de seis empresas estaduais de telefonia celular foi conturbado, com os preços apresentando oscilações bruscas.
Para analistas mais otimistas, o mercado brasileiro exagerou nas reações à crise na Rússia e deve subir a partir de hoje, visto que o Fed, banco central dos EUA, não deve subir os juros norte-americanos em sua reunião, abrindo espaço para uma queda no Brasil.




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