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GLOBALIZAÇÃO
Governo russo eleva juros de 30% para 50% ao ano e deixa os mercados tensos; juros e dólar sobem no Brasil
Rússia empurra a Bovespa para baixo
CRISTIANE PERINI LUCCHESI
da Reportagem Local
A Bolsa de Valores de São Paulo
teve ontem queda de 6,42%, a
maior do ano, com o aumento dos
juros na Rússia, de 30% ao ano para 50%, e o tombo de 12% no mercado acionário russo. Várias Bolsas do mundo também caíram.
Logo após as notícias sobre o aumento dos juros na Rússia chegarem ao Brasil, a Bolsa paulista caiu
8,21%. Mas houve uma caça às
barganhas no final do pregão.
Os papéis PN da Telebrás terminaram o dia com cotações 7,18%
menores e foram responsáveis por
52% do total negociado.
Os investidores temem que a
Rússia, depois dos países asiáticos, seja agora a "bola da vez".
Preocuparam especialmente a fuga de capitais do país e as pressões
por uma desvalorização do rublo.
Em outubro do ano passado, o
primeiro sinal a detonar a crise
asiática foi justamente uma alta de
juros em Hong Kong. No meio do
furacão financeiro, o Brasil elevou
seus juros básicos e a Rússia puxou os seus logo depois.
Contribuiu para o pânico no
mercado reportagem publicada
pelo "The Wall Street Journal". O
jornal fala sobre o risco de um
"crash" na Rússia, que poderia
atingir os países do Leste Europeu
e aumentar as taxas de risco de todos os países emergentes, inclusive do Brasil.
A Rússia é comparada com o
Brasil nos mercados financeiros
internacionais, principalmente no
mercado de títulos da dívida externa renegociada.
Os C-bonds, títulos da dívida externa brasileira, também despencaram ontem, com as cotações
caindo de 80,81% do valor de face
no fechamento de sexta-feira para
76,75%. Fecharam em 77,63%.
Os mercados de juros e dólar no
Brasil também tiveram um dia
tenso. No fechamento, os juros subiram e o real teve desvalorização.
A queda na Bolsa de Nova York,
de 0,5%, contribuiu para deixar
tensos os investidores brasileiros.
Mas foi pouco influenciada pela
movimentação na Rússia ou Brasil. Os problemas jurídicos da Microsoft e a crise na Indonésia pesaram mais para deprimir o mercado de Wall Street.
O mercado brasileiro também
foi afetado pelo fato de o Banco
Mundial ter adiado a decisão sobre empréstimo de US$ 1,2 bilhão
à Indonésia.
Com a depressão no mercado
acionário, o primeiro dia de negociação dos papéis de seis empresas
estaduais de telefonia celular foi
conturbado, com os preços apresentando oscilações bruscas.
Para analistas mais otimistas, o
mercado brasileiro exagerou nas
reações à crise na Rússia e deve subir a partir de hoje, visto que o
Fed, banco central dos EUA, não
deve subir os juros norte-americanos em sua reunião, abrindo espaço para uma queda no Brasil.
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