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ECONOMIA MUNDIAL
Inflação e desemprego baixos são razões para evitar aumento
Especialistas prevêem que Fed não deverá elevar juros
CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
de Washington
A maioria dos analistas e investidores acha que o banco central
norte-americano (o Federal Reserve, ou Fed, presidente por Alan
Greenspan) vai manter as taxas de
juros inalteradas hoje.
Mesmo assim, ninguém é capaz
de apostar em qualquer possibilidade. O nervosismo em relação ao
encontro de hoje foi um dos motivos para as quedas registradas nas
Bolsas de Valores.
A economia do país nesta década
continua a desafiar todos os manuais teóricos. Apesar de o desemprego estar em seu nível mais baixo em 28 anos (4,3%) e a atividade
econômica se manter em contínua
expansão há sete anos, a inflação
continua em baixa.
Por isso, não há argumentos para aumentar as taxas de juros. No
entanto, os arautos do combate à
inflação prosseguem na denúncia
de indícios de inflação próxima.
Os mais recentes: aumento de
0,2% em abril dos preços no atacado (primeira subida em seis meses) e elevação de 0,2% em abril
nos preços ao consumidor (maior
crescimento em cinco meses).
Já aconteceram, no entanto, casos semelhantes nos últimos dois
anos e, apesar dos avisos de que a
inflação iria disparar, isso não
aconteceu, por razões diversas.
Pode ser que o fenômeno se repita agora. Uma das possíveis causas
é a crise econômica na Ásia. Embora os problemas asiáticos provoquem estragos econômicos nos
EUA, eles podem ter efeito positivo na área do ritmo da inflação.
Primeiro, porque eles podem
desaquecer a atividade econômica; segundo, porque os exportadores asiáticos vão baixar seus
preços para poderem vender mais
para os EUA e, em consequência,
forçar seus concorrentes norte-americanos a não elevar preços.
Outra causa possível de contenção inflacionária é a continuidade
do aumento da produtividade nos
EUA, uma das explicações para o
extraordinário desempenho econômico do país nos últimos anos.
A produtividade em 1997 cresceu 1,7%, quase o dobro da média
anual do quarto de década anterior. Isso significa que as empresas, por serem capazes de cortar
custos, têm podido aumentar salários sem elevar os preços.
Alguns observadores acham que
o aumento da produtividade é fenômeno passageiro e citam recentes aumentos dos preços do petróleo como sinal de que isso vai acabar logo. Mas, de novo, eles vêm
sendo desmentidos pelos fatos.
Os diretores do Fed estão divididos sobre como agir. Não tanto
hoje, quando -tudo indica- vão
deixar as coisas como estão, mas
no futuro. Os especialistas vão ler
com todo o cuidado as atas da
mais recente reunião do grupo,
em março, que serão divulgadas
amanhã. Com elas, vão tentar antecipar como a entidade vai se
comportar até dezembro com relação às taxas de juros.
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