São Paulo, terça, 19 de maio de 1998

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BC deve ter cautela ao reavaliar taxas

da Sucursal de Brasília

A crise na Rússia não deve mudar os planos da equipe econômica de promover amanhã, em reunião do Copom (Comitê de Política Econômica do Banco Central), nova redução nos juros.
Mas, conforme já previsto antes da nova crise, deverá entrar em vigor uma estratégia mais cautelosa para a redução das taxas.

Expectativa

A Folha apurou que, entre economistas do Ministério da Fazenda, a expectativa é que a TBC (Taxa Básica do Banco Central) seja fixada em algo como 22,5% anuais. Hoje, ela está em 23,25%.
O Ministério da Fazenda não participa diretamente das decisões do Copom, que é formado por diretores e chefes de departamento do BC, mas a projeção de queda de apenas 0,75 ponto percentual dá uma idéia da postura conservadora da área econômica do governo.
Se confirmada, será uma redução bem menor do que as estabelecidas nas três reuniões anteriores do Copom, quando a TBC sofreu quedas entre 3,5 e 6,5 pontos percentuais.
Para definir a TBC, a equipe econômica aguarda o resultado de reunião de hoje do Fed (o banco central dos Estados Unidos). Se os juros norte-americanos subirem, a TBC terá menos espaço para cair.
Mas a avaliação corrente no Ministério da Fazenda é de que são pequenas as chances de o Fed aumentar os juros, pois essa decisão poderia ampliar a instabilidade na Rússia e na Indonésia.
Mercado
O ex-presidente do BC Gustavo Loyola aposta em uma redução de cerca de um ponto percentual na TBC. "Os juros chegaram perto do limite inferior", disse.
Segundo ele, fixar uma taxa menor que 22% anuais significaria comprometer o rendimento pago aos investidores estrangeiros que mantêm dólares aplicados no país.
O Brasil precisa atrair capital estrangeiro para cobrir o déficit nas contas externas e para manter elevadas as reservas em moeda estrangeira do BC.
Loyola disse que, para fixar a TBC abaixo de 22%, seria necessário oferecer compensações ao investidor estrangeiro, como redução de impostos ou do ritmo de desvalorização do real.

Aplicação

Os investidores estrangeiros que aplicam dólares no país se preocupam com o rendimento líquido obtido pelo capital.
Se confirmada a queda dos juros, será a sexta redução nas taxas desde outubro de 1997, quando o governo dobrou a TBC para estancar a fuga de dólares provocada pela crise da Ásia. A taxa era de 20,7% anuais e foi elevada a 43,4%.



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