São Paulo, terça, 19 de maio de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CRISE ASIÁTICA
Durante conferência na Argentina, economista brasileiro compara a atual situação do Japão à Grande Depressão da década de 30
Situação do Japão é perturbadora, diz Krugman

AUGUSTO GAZIR
de Buenos Aires

O economista Paul Krugman classificou ontem a situação do Japão, com deflação e falta de demanda interna, como "perturbadora" para o mundo.
"Me sinto mais cômodo num mundo com inflação e taxa de juros de 6%, do que num mundo sem inflação e juros a 3%", afirmou Krugman, em conferência durante a Convenção Nacional de Bancos da Argentina.
"O que me pertuba no Japão não é um risco de colapso iminente. O preocupante é que os problemas japoneses sejam essas enfermidades infecciosas, imune a antibióticos conhecidos", disse. Segundo ele, essa "enfermidade" pode se repetir em outros países.
Paul Krugman, professor do MIT (sigla em inglês para Instituto de Tecnologia de Massachussetts), comparou a situação do país à depressão da década de 30, quando as economias murcharam.
"Me assusta como algo que aconteceu em 30 pode voltar a ocorrer hoje", afirmou ele.
Segundo o economista, um dos problemas do Japão é o número de pessoas em idade ativa declinante. "Essa é a razão para eles quererem poupar tanto."
Sobre a crise asiática de outubro do ano passado, Krugman responsabilizou o sistema bancário dos países pela tormenta.
"Bancos com problemas podem criar colapsos em economias fortes. Este é um assunto que tínhamos abandonado em nosso pensamento, mas que agora merece atenção", afirmou ele.
O economista alertou que um dos ensinamentos da crise da Ásia é o cuidado que os países devem ter com o sistema bancário e com o fluxo de capitais de curto prazo.
Para ele, os países asiáticos têm fortes chances de recuperação. "Mas a situação permanece incerta." Krugman se disse surpreso com a atual crise na Indonésia.
Questionado sobre o Brasil, o economista disse que não há um mundo seguro para o país.
Ele afirmou que os principais problemas do Brasil são o déficit fiscal e o desemprego, mas que acredita na recuperação.



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.