São Paulo, sábado, 19 de junho de 2004

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ARQUIBANCADA

Presidente diz que é importante torcer pela redução de barreiras

Lula faz paralelo com final de Copa

GABRIELA ATHIAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Ao discursar ontem no lançamento do Plano Agrícola e Pecuário 2004-2005, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que é preciso torcer pela redução das barreiras tarifárias impostas pelos países ricos no âmbito da OMC (Organização Mundial do Comércio) como se fosse uma "final de Copa do Mundo".
Lula discursou no Palácio do Planalto pela manhã, horas antes de a OMC reconfirmar, em Genebra, decisão de abril em que o Brasil obteve, em vários itens, vitória contra os subsídios concedidos pelos EUA aos seus produtores de algodão. Os termos da decisão serão divulgados publicamente em agosto.
Esses subsídios, dizem os negociadores que defendem o Brasil, permitem que 25 mil plantadores norte-americanos dominem 40% do mercado mundial.
"Temos atuado de modo sereno, mas firme, para garantir acesso cada vez maior aos mercados e vender muito mais nossos produtos, alcançando resultados importantes. Um bom exemplo é o da recente vitória na OMC [no caso do algodão], que está sendo julgada hoje [ontem]. Vamos torcer aqui como se estivéssemos esperando uma final de Copa", disse Lula.
"Se ganharmos a briga do algodão, poderemos logo, logo, também ser o primeiro colocado na venda desse produto; e se tudo acontecer como estamos pensando, quem sabe, logo também estaremos exportando etanol para este mundo ficar menos poluído do que é hoje", disse Lula, ao ressaltar que o Brasil já é líder na comercialização de café, suco de laranja, carne bovina e aves.
O presidente ressaltou o aumento da balança comercial da agricultura -o saldo do setor aumentou 27% em 2003, em relação ao ano anterior, alcançando a soma de US$ 30,6 bilhões.
"Pelo menos na agricultura, nós estamos no Primeiro Mundo. Não estamos em outro mundo porque ainda não inventaram um melhor do que o primeiro, senão nós estaríamos lá", afirmou o presidente.

Piadas
O discurso de Lula foi pontuado por piadas -e elogios- que ele fez com os ministros da área econômica. Os comentários não pouparam o ministro Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento), ausente da cerimônia.
Lula estava lendo um trecho do discurso que falava sobre o aumento das exportações do setor avícola. Deixou-o de lado para fazer o seguinte comentário: "Não é à toa que o Furlan vive rindo à toa, porque o setor avícola também cresceu de forma extraordinária". A família do ministro é proprietária da empresa Sadia, uma das líderes de exportação de aves.
Lula elogiou o ministro Roberto Rodrigues (Agricultura), falando sobre seu comprometimento com a pasta. "Eu espero que esses elogios fortaleçam o Roberto Rodrigues quando ele for negociar com a Fazenda."
Os ministros Palocci (Fazenda) e Rodrigues sentaram-se ao lado de Lula no local reservado às autoridades.


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