São Paulo, sábado, 19 de junho de 2004

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SAIA JUSTA

Segundo a estatal, estaleiro do Rio não apresentou menor preço nem proposta adequada para construir plataforma

Petrobras volta a contestar governadora do Rio

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

Em resposta às críticas da governadora do Rio, Rosinha Matheus (PMDB), o presidente da Petrobras, José Eduardo Dutra, disse ontem que o preço apresentado pelo estaleiro Mauá-Jurong para a construção da plataforma PRA-1 não era o menor e que sua proposta técnica não se enquadrou às necessidades do contrato, o que o tirou da disputa.
Segundo ele, só o consórcio Odebrecht-Ultratec tinha uma proposta técnica "adequada" e, por isso, foi o escolhido. O valor do contrato ficou em R$ 988,968 milhões. A obra será feita na Bahia, o que motivou as críticas de Rosinha.
Anteontem, em Brasília, Rosinha disse que faltava "transparência" ao processo e que estava "intrigada" com o fato de o Mauá não ter sido o escolhido, embora seu preço fosse o mais baixo.
Ontem, em mais um capítulo da disputa entre a Petrobras e o governo do Rio, a Secretaria de Energia, Petróleo e Indústria Naval do Estado divulgou uma carta do Mauá-Jurong, na qual a empresa afirma que apresentou um preço menor do que o concorrente. O valor citado no documento é de R$ 884 milhões.
Dutra disse, porém, que a proposta apresentada pelo Mauá-Jurong -cujo preço ele não quis confirmar- não incluía nem o seguro da obra nem serviços adicionais. Esses itens, afirma, estão embutidos no preço da Odebrecht-Ultratec. O seguro tem valor de R$ 41 milhões.
"Todos os procedimentos adotados na licitação da plataforma PRA-1 seguiram a lei e o preço apresentado pela empresa vencedora não era o mais alto", disse.
Segundo ele, quando se leva em conta todos os itens e se "equalizam as três" propostas apresentadas, a do Mauá fica "a mais cara". O terceiro grupo a apresentar proposta foi a construtora Camargo Corrêa.
Apesar disso, Dutra afirmou que o determinante para a seleção foi a questão técnica. "A continuidade de negociação se deu com a Odebrecht porque foi a única que apresentou a viabilidade técnica necessária. Essa foi a base da negociação", disse.
Na carta divulgada pelo governo do Rio, o Mauá-Jurong reclama do fato de que a Petrobras não "chamou a empresa para a negociação comercial", apesar dela ter apresentado o menor preço. Diz ainda que só tomou conhecimento pela imprensa de que o escolhida foi o consórcio Odebrecht-Ultratec.
O diretor de Serviços da estatal, Renato Duque, negou: "Eu falei que eles estavam fora cerca de 15 dias antes do contrato ser aprovado pela diretoria [dia 20 de maio]. Disse que o motivo era que eles não tinham sido aprovados na parte técnica".
O diretor da área comercial do estaleiro Mauá-Jurong, José Roberto Simas, disse que não iria comentar o assunto. Afirmou apenas que a carta foi enviada como resposta a uma consulta do governo do Estado. Simas afirmou também que a empresa tem "excelentes relações com a Petrobras". A Petrobras é a única grande cliente da indústria naval no país.
Dutra afirmou que irá pedir ao TCU (Tribunal de Contas da União) que audite todos os contratos de plataformas assinados em sua gestão, a começar pela PRA-1.
A governadora do Rio evitou novas críticas: "Agora o dado está com a Petrobras. A Petrobras é que tem que apresentar [documentos] para mostrar que não há diferença. Eu apenas levantei [anteontem] uma informação extra-oficial que eu tinha".


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