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SAIA JUSTA
Segundo a estatal, estaleiro do Rio não apresentou menor preço nem proposta adequada para construir plataforma
Petrobras volta a contestar governadora do Rio
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Em resposta às críticas da governadora do Rio, Rosinha Matheus (PMDB), o presidente da
Petrobras, José Eduardo Dutra,
disse ontem que o preço apresentado pelo estaleiro Mauá-Jurong
para a construção da plataforma
PRA-1 não era o menor e que sua
proposta técnica não se enquadrou às necessidades do contrato,
o que o tirou da disputa.
Segundo ele, só o consórcio
Odebrecht-Ultratec tinha uma
proposta técnica "adequada" e,
por isso, foi o escolhido. O valor
do contrato ficou em R$ 988,968
milhões. A obra será feita na Bahia, o que motivou as críticas de
Rosinha.
Anteontem, em Brasília, Rosinha disse que faltava "transparência" ao processo e que estava "intrigada" com o fato de o Mauá
não ter sido o escolhido, embora
seu preço fosse o mais baixo.
Ontem, em mais um capítulo da
disputa entre a Petrobras e o governo do Rio, a Secretaria de
Energia, Petróleo e Indústria Naval do Estado divulgou uma carta
do Mauá-Jurong, na qual a empresa afirma que apresentou um
preço menor do que o concorrente. O valor citado no documento é
de R$ 884 milhões.
Dutra disse, porém, que a proposta apresentada pelo Mauá-Jurong -cujo preço ele não quis
confirmar- não incluía nem o
seguro da obra nem serviços adicionais. Esses itens, afirma, estão
embutidos no preço da Odebrecht-Ultratec. O seguro tem valor de R$ 41 milhões.
"Todos os procedimentos adotados na licitação da plataforma
PRA-1 seguiram a lei e o preço
apresentado pela empresa vencedora não era o mais alto", disse.
Segundo ele, quando se leva em
conta todos os itens e se "equalizam as três" propostas apresentadas, a do Mauá fica "a mais cara".
O terceiro grupo a apresentar
proposta foi a construtora Camargo Corrêa.
Apesar disso, Dutra afirmou
que o determinante para a seleção
foi a questão técnica. "A continuidade de negociação se deu com a
Odebrecht porque foi a única que
apresentou a viabilidade técnica
necessária. Essa foi a base da negociação", disse.
Na carta divulgada pelo governo do Rio, o Mauá-Jurong reclama do fato de que a Petrobras não
"chamou a empresa para a negociação comercial", apesar dela ter
apresentado o menor preço. Diz
ainda que só tomou conhecimento pela imprensa de que o escolhida foi o consórcio Odebrecht-Ultratec.
O diretor de Serviços da estatal,
Renato Duque, negou: "Eu falei
que eles estavam fora cerca de 15
dias antes do contrato ser aprovado pela diretoria [dia 20 de maio].
Disse que o motivo era que eles
não tinham sido aprovados na
parte técnica".
O diretor da área comercial do
estaleiro Mauá-Jurong, José Roberto Simas, disse que não iria comentar o assunto. Afirmou apenas que a carta foi enviada como
resposta a uma consulta do governo do Estado. Simas afirmou também que a empresa tem "excelentes relações com a Petrobras". A
Petrobras é a única grande cliente
da indústria naval no país.
Dutra afirmou que irá pedir ao
TCU (Tribunal de Contas da
União) que audite todos os contratos de plataformas assinados
em sua gestão, a começar pela
PRA-1.
A governadora do Rio evitou
novas críticas: "Agora o dado está
com a Petrobras. A Petrobras é
que tem que apresentar [documentos] para mostrar que não há
diferença. Eu apenas levantei [anteontem] uma informação extra-oficial que eu tinha".
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