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análise
Obras sofrem atraso ou nem começaram
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O programa do governo
para estimular o uso de fontes alternativas de geração
de energia (Proinfa) não decolou. Segundo levantamento da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), a
maior parte dos empreendimentos previstos está com o
cronograma atrasado ou
nem sequer iniciou obras.
Criado em 2002 e regulamentado em 2004, o Proinfa
prevê a incorporação de
3.300 MW (megawatts) de
energia alternativa no mercado até o final do ano que
vem, o equivalente a uma das
usinas hidrelétrica do rio
Madeira (RO). Segundo o
Ministério de Minas e Energia, até o momento há 852
MW de energia alternativa
de usinas do programa sendo
gerada, ou 26% da meta.
Usinas em obras ou projetadas podem elevar a participação da energia alternativa
na matriz, mas o acompanhamento feito pela agência
reguladora do setor indica
problemas de cumprimento
de prazo. No caso das PCHs
(pequenas centrais hidrelétricas), de 1.005,7 MW, 12%
(equivalentes a 117,1 MW)
são de empreendimentos
que ainda não começaram.
Entre os já iniciados, 599,8
MW (60%) estão com o cronograma comprometido.
O caso mais grave é o da
energia eólica (vento). Para
essa fonte, quase todos os
empreendimentos nem sequer começaram a ser feitos.
De 1.241,1 MW de energia,
1.203,9 MW (97%) não iniciaram obras. Os 10,2 MW
restantes estão atrasados.
Para termelétricas que
usam biomassa (bagaço de
cana), também há problemas. De 288,4 MW de projetos acompanhados pela
Aneel, 215 MW (75%) estão
atrasados.
Diversos problemas inviabilizam o objetivo do programa: preço pouco competitivo
da energia (cara demais comparada a outras fontes), falta
de equipamentos no mercado e até "corretagem" de autorizações para construção
de PCHs. A "corretagem" já
começou a ser resolvida pela
agência reguladora.
As autorizações para a
construção dessas usinas estavam sendo compradas por
intermediários, em vez de
por empreendedores. Os intermediários não iniciavam a
construção, esperando revender a autorização por um
preço melhor, situação que
foi definida dentro da agência como se os proprietários
das autorizações estivessem
"sentados na cachoeira"
-não constroem e impedem
que outros o façam.
Para energia de fontes
convencionais, os principais
problemas estão no licenciamento ambiental para hidrelétricas. Levantamento feito
pelo Instituto Acende Brasil
(que reúne os principais investidores privados em energia) indica que 36% dos projetos de usinas hidrelétricas
listados no PAC (Programa
de Aceleração do Crescimento) e previstos para entrarem
em operação até 2011 estão
atrasados por dificuldades
na obtenção do licenciamento. São nove usinas com problemas que, juntas, terão capacidade de geração de 1.131
MW.
Os problemas para liberação de hidrelétricas nos últimos leilões levaram a um aumento da participação de
termelétricas, que geram
energia mais cara.
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