DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

À revelia do PT, deputados da base aliada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva instalaram ontem na Câmara a CPI da Conta de Luz, que tem como objetivo investigar o sistema usado pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) para reajustar preços no país.
Deputados questionam o valor das tarifas se comparadas com países desenvolvidos. "O trabalhador tem cerca de 20% de sua renda comprometida com energia elétrica. A energia no Brasil é a terceira mais cara para consumidores domésticos e a oitava para o setor industrial. Queremos respostas da Aneel sobre as razões para essas tarifas", afirmou Dudu da Fonte (PP-PE).
Sem a presença dos petistas, Fonte, ligado ao ex-deputado Severino Cavalcanti e a Ciro Nogueira (PP-PI), foi eleito presidente da comissão. Já no cargo, ele indicou Alexandre Santos (PMDB-RJ), ligado ao deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), para a relatoria.
Ao assumir, Santos disse que o ministro Edison Lobão (Minas e Energia) certamente será convidado para prestar esclarecimentos sobre o cálculo dos reajustes da energia elétrica. "Ele [o ministro] nos pediu muita cautela nos procedimentos, mas o Congresso tem que tornar transparentes as cobranças e os critérios de reajuste."
O líder do PT, Cândido Vaccarezza (SP), lutou para emplacar José Guimarães (PT-CE) para a presidência da comissão. Durante toda a manhã, ele tentou chegar a um acordo. Derrotado, recomendou aos petistas que não participassem da reunião. "Fizeram um acordo que excluiu o PT", disse.
A eleição de Guimarães seria um modo de tentar tomar conta da CPI, que é formada, majoritariamente, por deputados do baixo clero e é considerada "perigosa" pelo governo. O temor é que as investigações virem arma contra o Palácio do Planalto.


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