São Paulo, sexta-feira, 19 de julho de 2002

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DIA DE CALMANTE

Moeda dos EUA interrompe sequência de quatro altas e tem recuo de 1,62%, fechando o dia em R$ 2,85

Captação e boato sobre FMI seguram dólar

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O dólar interrompeu uma sequência de quatro altas para recuar expressivamente ontem. A baixa no preço da moeda dos EUA foi de 1,62%. Para comprar US$ 1, eram necessários R$ 2,85 no fim dos negócios.
A expectativa de uma captação de US$ 500 milhões da Petrobras para os próximos dias fez com que o dólar já abrisse em queda. Pelas mesas de operações dos bancos, a notícia da vinda da vice-diretora-gerente do FMI (Fundo Monetário Internacional), Anne Krueger, na próxima semana, reforçou boatos sobre um hipotético novo acordo do país com a entidade e alterações na condução da política cambial pelo BC. Isso teria motivado tesourarias de bancos a venderem dólares.
Vários dirigentes do FMI ouvidos pela Folha em Washington negam resolutamente a hipótese de que a visita de Krueger esteja relaciona a negociações com o Fundo. A Folha apurou que a direção do Fundo ficou espantada com os boatos no mercado a esse respeito e estupefata com as especulações a respeito de um acordo de transição neste momento. De resto, observam, a visita de Krueger estava marcada havia dois meses e que, em caso de negociação de acordo, ela não faria parte das conversações iniciais.
No início da tarde, o dólar chegou a ser vendido a R$ 2,837, em baixa superior a 2%, enquanto o mercado aguardava o encontro entre o presidente do BC, Armínio Fraga, e Aloizio Mercadante, um dos porta-vozes econômicos do PT. A entrada de aproximadamente US$ 150 milhões no mercado, provenientes de uma montadora, ajudou a manter a cotação do dólar em baixa, segundo operadores. A presença mais forte de exportadores também foi sentida, o que aumentou a oferta de dólares. A opção dos exportadores nos últimos dias vinha sendo a de segurar dólares à espera de cotações mais elevadas.
O humor do mercado internacional em relação ao Brasil também melhorou, o que permitiu a queda de 2,6% do risco-país, que fechou em 1.510 pontos, menor nível em quase um mês. Os C-Bonds, títulos da dívida brasileira, subiram 2,8%. O BC não se ausentou e fez um leilão de linha externa de US$ 50 milhões (nesse tipo de ação, a autoridade monetária empresta dólares ao mercado com compromisso de recompra futura) no fim da manhã.
A queda de ontem não deu início a uma trajetória de baixa do dólar. Enquanto houver indefinição no cenário eleitoral, o dólar continuará volátil, com possibilidades de alta, dizem analistas.



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