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Restrição do fluxo divide economistas
INAIÊ SANCHEZ
DA REPORTAGEM LOCAL
As recentes turbulências nos
mercados emergentes levaram a
uma nova onda de reflexão sobre
a necessidade da implantação de
controles de capital no Brasil.
Pesquisadores da Unicamp publicaram na semana passada o estudo "Controle de Capitais: Um
Bem Necessário?", onde debatem
a necessidade de se começar a
"blindar" a política econômica
contra movimentos de capital.
"As diferentes formas de controle possibilitam mais autonomia na gestão das políticas macroeconômicas, conferindo uma
maior independência diante dos
mercados financeiros de curto
prazo", diz a economista Simone
Silva de Deos, umas das autoras
do trabalho.
Ela avalia que o controle permite reduzir a volatilidade do câmbio, seja limitando uma valorização em fase de liquidez, seja reduzindo as pressões de desvalorização em momentos de crise.
"Os controles tendem ainda a
melhorar as condições de financiamento da dívida pública, permitem evitar perdas de competitividade associadas à valorização
cambial e limitam a exposição de
bancos e empresas aos riscos inerentes ao endividamento externo
de curto prazo", diz Simone.
Controles de capital ainda ajudariam no gerenciamento da inflação, prevenindo o repasse para
os preços domésticos de uma desvalorização cambial, via custos de
insumos dolarizados ou contratos
indexados indiretamente ao câmbio, diz André Martins Biancareli,
outro autor do estudo.
A questão causa polêmica entre
os economistas. O principal argumento de quem defende a livre
movimentação do dinheiro é o de
que a mobilidade do capital encoraja o aumento dos investimentos
e assegura um crescimento econômico mais rápido.
Um dos maiores defensores da
liberalização, Stanley Fischer, ex-vice-diretor-gerente do FMI e
atual presidente do Citigroup International, diz que os benefícios
da ausência de controle de capital
compensam os custos em potencial. No relatório "Liberalização
de Conta de Capital e o Papel do
FMI", de 1997, Fischer diz que "o
livre movimento ajuda a canalizar
os recursos de uma maneira mais
eficiente, aumentando o bem-estar e o crescimento econômico".
Na opinião do economista-chefe do Deutsche Bank, José Carlos
de Faria, quanto menos controle,
melhor. "Os controles são um instrumento artificial para estabilizar o câmbio em países com problemas de política monetária e fiscal. Caso contrário, não há necessidade de implementá-los", diz.
O economista Pérsio Arida, no
texto "Por uma moeda plenamente conversível", de 2003, diz
que, "se tivéssemos plena conversibilidade, afastando o risco de introdução de controles cambiais
por via administrativa, teríamos
menores taxas de juros em dólares nos títulos de longo prazo no
exterior e, por conseqüência, menores taxas de juros em reais".
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