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REAÇÃO
Fiesp, OAB e sindicatos dizem que Daslu é apenas um dos casos de abuso
Entidades lançam manifesto contra "excesso" em ações da PF
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Trinta e sete entidades assinaram ontem, na sede da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado
de São Paulo), um manifesto de
três páginas intitulado "Movimento pela Legalidade, contra o
Arbítrio e a Corrupção". A ação
ocorreu cinco dias após ação da
Polícia Federal para apurar possível prática de crime fiscal na Daslu - maior loja de produtos de
luxo do país-, que resultou na
prisão por algumas horas de sua
dona, Eliana Tranchesi.
Escrito pela OAB, com o aval da
Fiesp, como apurou a Folha, o
manifesto repudia a "violação da
dignidade da pessoa humana" e
critica as ações da PF "caracterizadas pelo excesso" em escritórios
de advocacia e nas empresas.
O documento foi apresentado e
discutido em reunião a portas fechadas, que durou duas horas,
com 87 líderes setoriais de áreas
como a bancária (Febraban), de
mercado de capitais (BM&F e Bovespa), sindical (CGT e Força Sindical) e jurídica (Associação Paulista do Ministério Público) entre
outras. O principal momento do
encontro foi a discussão em torno
do tom do manifesto.
Um grupo de representantes, liderado por Emerson Kapaz, do
instituto de defesa pela ética Etco,
defendeu a idéia de que a posição
das entidades não deveria focar
nos acontecimentos na Daslu.
"Não assinarei isso [o manifesto] se ele for colocado para o público com foco no caso específico
da loja", disse ele, segundo a Folha apurou.
Luiz Flávio D'Urso, presidente
da OAB-SP (Ordem dos Advogados do Brasil), e Paulo Skaf, presidente da Fiesp, rebateram a posição dizendo que isso estava claro
no documento.
Minutos depois, em entrevista
coletiva à imprensa também na
Fiesp, o comando da entidade e
da OAB insistiram em dizer que
não havia relação entre os fatos.
"Estamos traduzindo a voz e o
querer da sociedade brasileira",
disse D'Urso. "Nunca entrei na
Daslu ou estive com a Eliana
[Tranchesi]. Talvez tenha falado
com ela uma ou duas vezes. Nossa
ação não é de um caso só. Ela representa a sociedade civil", argumentou Skaf.
Pirotecnia
O documento de três páginas
faz menção direta às ações da Polícia Federal. No entanto, OAB,
Fiesp e APMP, que representa o
Ministério Público, evitaram citar
o nome da corporação nas críticas
feitas ontem. "Não entramos no
mérito da ação, mas no espetáculo de pirotecnia montado recentemente", disse João Antonio Garreta Prates, presidente da APMP.
Só Paulo Pereira da Silva, o Paulinho (Força Sindical), e José Roberto Batochio, membro do conselho jurídico da Fiesp, foram
mais diretos. "Eu quero ver a PF
invadir sindicato. Se o fizer, nós
vamos enfrentá-los", disse Paulinho. "O que existe [por parte da
PF] é uma ação para minimizar a
crise política que o governo tem
vivido", afirmou Batochio.
Por diversas vezes, os líderes da
OAB, dos empresários e dos trabalhadores afirmaram que o movimento não quer pôr fim às investigações. O que há, dizem eles,
é uma preocupação com "o exagero e a desproporcionalidade
das megaoperações realizadas em
empresas brasileiras, inclusive
com prisões cautelares que levam
cidadãos à execração pública, tudo isso sem observância do devido processo legal e da constitucional presunção de inocência", segundo o manifesto, que deve ser
entregue ao ministro da Justiça,
Marcio Thomaz Bastos.
A PF já disse na semana passada
que não cometeu arbitrariedades
nas últimas ações, realizadas, segundo ela, "dentro da normalidade" e para auxiliar investigações.
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