São Paulo, quarta-feira, 19 de julho de 2006

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BNDES renegociará até R$ 5 bi de agricultores

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

A menos de três meses das eleições, o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) aderiu ao programa de renegociação de dívidas dos produtores e anunciou ontem a extensão de prazos de pagamento de dívidas do setor agropecuário que somam de R$ 4,5 bilhões a R$ 5 bilhões.
A cifra é quase metade de todo o volume de recursos já renegociados em maio com outras instituições públicas, como o Banco do Brasil, cujo valor atingiu de R$ 10,6 bilhões.
A diretoria do BNDES aprovou a prorrogação, por um ano, no prazo de pagamento das dívidas de produtores rurais, contraídas no âmbito dos Programas de Investimento do Setor Agropecuário. O novo prazo começa a contar após o vencimento da última prestação e vale para empréstimos já vencidos ou a vencer neste ano.
O BNDES autorizou ainda a suspensão da cobrança das prestações dos empréstimos com vencimento neste ano, que só passará a valer após a prorrogação ser formalizada pelo agente financeiro que repassou o crédito do banco.
A correção dos empréstimos será feita, desde as datas de vencimento até o pagamento, pela TJLP (Taxa de Juros de Longo Prazo) -hoje em 7,25% ao ano-, mais 1% ao ano.
Segundo o BNDES, não há ainda um valor preciso de quanto poderá ser renegociado, já que o adiamento dos prazos será decidido mediante análise de cada caso, exceto nas operações contratadas com mutuários que tenham como principal fonte de renda as culturas de algodão, arroz, milho, soja, sorgo ou trigo e com agricultores familiares voltados à produção de leite.
Essas são as lavouras mais afetadas pela crise que assola o setor do agronegócio brasileiro, que tem sofrido com os baixos preços internacionais das principais commodities e especialmente com a menor competitividade das exportações proporcionada pela valorização do real ante o dólar.
Nos casos dessas lavouras e da produção familiar de leite, a concessão de novo prazo será automática.
Mesmo fora do governo, a decisão do BNDES marca uma vitória do ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues, que se demitiu tentando viabilizar a renegociação de todas as dívidas contraídas com bancos federais, inclusive o BNDES. Na época, não obteve sucesso.
Agricultores voltados às culturas com melhores desempenhos e cujos preços estão em bons níveis e que não foram afetadas por problemas climáticos não terão direito à renegociação. É o caso dos produtores de café e de cana-de-açúcar.


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