São Paulo, sábado, 19 de julho de 2008

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Crise afeta balanços no 2º tri de ícones da economia dos EUA

Grandes empresas como Coca-Cola, Microsoft e Citigroup registram prejuízos ou lucros abaixo dos previstos pelo mercado

Ações do Google caíram 9,8% ontem e tiveram a maior queda desde 2004, quando começaram a ser negociadas em Bolsa

DA REDAÇÃO

O prejuízo do Citigroup no segundo trimestre, apesar de menor do que o esperado, mostra o período ruim pelo qual passam grandes empresas americanas, abaladas com a crise pela qual passa o país. Companhias como Google, Coca-Cola e Microsoft tiveram queda nos seus lucros ou resultados inferiores aos esperados.
O Citigroup perdeu US$ 2,5 bilhões no segundo trimestre deste ano e já acumula prejuízo de US$ 17,4 bilhões desde setembro do ano passado -nos três primeiros meses deste ano, a perda foi de US$ 5,1 bilhões. O prejuízo de abril a junho de um dos maiores bancos dos Estados Unidos foi inferior ao esperado por analistas, mas é grande o contraste com o resultado do mesmo período do ano passado, quando a crise nos mercados parecia algo distante: lucro de US$ 6,2 bilhões.
Boa parte dessas empresas tem grande presença nos mercados internacionais, o que acaba diminuindo sua exposição à desaceleração dos EUA, mas elas já reclamam do mercado interno, mostrando não estarem imunes aos problemas na principal economia mundial. "Forte crescimento internacional assim como aumento sustentado no tráfego nos sites do Google nos impulsionaram para outro forte trimestre, apesar de um ambiente econômico mais desafiador", disse Eric Schmidt, presidente-executivo da empresa de tecnologia.
As ações da Google tiveram ontem a sua maior queda desde que elas começaram a ser negociadas em Bolsa, em 2004. A desvalorização de 9,77% foi reflexo do balanço do segundo trimestre, divulgado após o fechamento do pregão de anteontem. O avanço de 34,8% no lucro, para US$ 1,25 bilhão, foi considerado insuficiente para os investidores.
Situação parecida com a da Microsoft, que ganhou US$ 4,3 bilhões entre abril e junho, um crescimento de 42% na comparação com os mesmos meses de 2007. Como aconteceu com o Google, uma das preocupações é que as vendas nos EUA estão se desacelerando. Ontem, as ações da companhia de tecnologia caíram 6,03%, o maior recuo desde o final de abril.
"Para qualquer companhia dos Estados Unidos, a parte doméstica dos seus produtos estará sob pressão", disse Brian Rauscher, diretor da Brown Brothers Harriman. "O consumidor americano está sendo espremido", falou à Bloomberg.
Os consumidores americanos, cujos gastos representam cerca de 70% do PIB do país, enfrentam problemas como a inflação, desemprego, crise no mercado imobiliário e aperto no crédito pelos bancos. A inflação, por exemplo, teve em junho a sua maior alta em quase três anos. O avanço nos preços significa que as famílias precisam gastar uma maior parte do seu salário caso queiram manter o seu nível de consumo.
Outra empresa que foi afetada pela diminuição nos gastos das famílias americanas foi a Coca-Cola. No segundo trimestre, o seu lucro recuou 23%, para US$ 1,42 bilhão. "Nossos resultados foram liderados mais uma vez pelas nossas operações internacionais e conseguimos manter o volume na América do Norte apesar dos desafios significativos", afirmou Muhtar Kent, principal executivo da empresa.
A General Motors, a maior montadora mundial e um dos símbolos da economia americana, ainda não divulgou o seu resultado do segundo trimestre, mas suas vendas nos EUA apontam as dificuldades da empresas. Apenas em junho, elas recuaram 18%, com os consumidores buscando carros mais econômicos, devido à alta nos preços do combustível.


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