São Paulo, terça-feira, 19 de agosto de 2008

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Alta nos juros já surte efeito, diz BC

Para Meirelles, redução nas expectativas de inflação é reflexo do aperto na política monetária

Mercado diminui estimativa para o IPCA deste ano para 6,44%, abaixo do teto da meta; há quatro semanas, previsão chegou a 6,59%

DANIEL BERGAMASCO
DE NOVA YORK

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, disse ontem a investidores em Nova York que a elevação da taxa básica de juros já surte efeito na projeção da alta de preços.
"Já existem sinais de que a política monetária começou a influenciar as expectativas de inflação, controlando os efeitos da aceleração inflacionária de 2008 sobre as expectativas", afirmou, em conferência organizada pela Câmara de Comércio Brasil-EUA.
Meirelles se referia à nova baixa na projeção do IPCA para 2008. Segundo pesquisa Focus feita com o mercado na semana passada e divulgada ontem pelo Banco Central, a estimativa caiu de 6,45% para 6,44%. -abaixo dos 6,5% do teto da meta oficial. Há quatro semanas, a previsão chegou a 6,59%. Para 2009, foi mantida em 5%.
A projeção dos analistas de mercado é de 4,5% para 2010 e de 4,45% para 2012.
O presidente do Banco Central disse também que tal percepção "reforça que é viável trazer a inflação de volta à meta de 4,5% em 2009".
Tal objetivo tem tolerância de dois pontos percentuais, mas Meirelles disse haver o "compromisso" de trazer a taxa para "o centro da meta".
O Copom (Comitê de Política Monetária) chegou ao valor atual da taxa Selic, de 13%, no final de julho, quando surpreendeu o mercado ao elevá-la em 0,75 ponto percentual. Em cada uma das duas reuniões anteriores, o reajuste havia sido de 0,5 ponto.
A próxima reunião do Copom está marcada para 9 e 10 de setembro. Meirelles disse que há "quem pense que, com a baixa na expectativa da inflação, o banco [BC] não precisa fazer nada" para conter a alta de preços, mas que o correto é justamente o oposto: é preciso indicar uma política rigorosa para manter a expectativa de que a escalada irá arrefecer.
Ao apresentar dados do Brasil, ele disse que a "atividade econômica permanece robusta" no país. Citou como exemplo a criação de 1,883 milhão de empregos no período de 12 meses, até junho. Meirelles volta a se reunir com investidores em Nova York hoje e amanhã.

Otimismo
Para Elson Teles, economista-chefe da Concórdia Corretora, há um pouco mais de otimismo em relação ao comportamento da inflação por causa da queda nos preços das commodities -produtos como alimentos, minérios e petróleo. "Assim como [a alta das commodities] jogou os índices [de preços] para cima, parece que agora o quadro está se revertendo", diz Teles, que cita também a alta dos juros promovida pelo BC como outro fator que ajuda a conter a pressão inflacionária.
O economista ressaltou que ainda é cedo para dizer que a inflação entrou mesmo numa tendência de queda, principalmente num horizonte mais longo de tempo. "No ano que vem, ainda teremos pressões, como no caso dos preços administrados", disse Teles, referindo-se às tarifas públicas que são corrigidas pela variação de índices de preço no ano anterior.


Colaborou a Sucursal de Brasília


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