São Paulo, quarta-feira, 19 de agosto de 2009

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Lula volta a dizer que a Vale precisa elevar investimento

Em artigo para jornais, presidente relata cobrança sobre direção da mineradora

Demissões e redução de investimentos após a eclosão da crise global geraram críticas públicas de Lula à gestão da empresa


Rafel Andrade/Folha Imagem
O presidente Lula acena durante entrega de apartamentos para comunidades pobres no Rio, construídos com recursos do PAC

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou ontem a cobrar investimentos da Vale, a maior mineradora do país. Na coluna semanal "O Presidente Responde", publicada em 132 jornais do país, o presidente Lula confirmou ontem interferência na empresa ao responder a uma pergunta sobre a indústria produtiva no Pará.
"Eu disse para a direção da Vale do Rio Doce que não era possível que uma empresa da sua magnitude fosse apenas exportadora de minério de ferro. Depois, eu tive a oportunidade de ir à inauguração, em Barcarena, da nova planta da Alunorte, refinaria controlada pela Vale. Mais importante: a Vale anunciou o projeto da siderúrgica Aços Laminados do Pará, a ser instalada em Marabá, e a criação de um polo siderúrgico na região. O governo está fazendo a sua parte e a iniciativa privada tem que acompanhar essa nova visão de desenvolvimento", afirmou o presidente.
No domingo, a Folha publicou reportagem informando que Lula ameaçou interferir no comando administrativo da Vale a fim de levar a empresa a fazer investimentos considerados estratégicos pelo governo, sobretudo na área de siderurgia. Procurada ontem por meio da assessoria de imprensa, a Vale não quis se manifestar sobre a nova cobrança de Lula.
Insatisfeito com a ação da Vale durante a fase mais aguda da crise global, o presidente ameaçou pressionar a Previ, o fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, e a BNDESPar, braço do BNDES com participação em empresas, a usar suas ações com direito a voto para mudar o comando da mineradora.
O ápice da pressão se deu quando Lula se queixou reservada e publicamente da Vale. O presidente reclamou do corte de US$ 3 bilhões em investimentos e de demissões de mais de mil funcionários sem aviso ao governo. Em dezembro do ano passado, o presidente da Vale, Roger Agnelli, anunciou o corte de 1.300 funcionários e as férias coletivas para outros 5.550.
A Vale, uma das empresas brasileiras mais atingidas pela crise global, que ceifou a demanda por seus minérios, é controlada pela Valepar, que tem 53% do capital votante da companhia dividido da seguinte forma: 49% com um consórcio de fundos de pensão (Previ, Funcef, Petros e Funcesp), 11,5% com o BNDESPar, 21% com o Bradesco e 18% com o grupo japonês Mitsui.
Segundo a Folha publicou no domingo, a pressão do Planalto foi como um "tiro de advertência" de Lula.
Ontem, em carta publicada na Folha, Agnelli afirmou que a expressão "tiro de advertência" causou-lhe indignação e repulsa. "Tal frase só faz sentido quando aplicada a bandidos, que não respeitam a lei nem a ética. Aqui na Vale atuamos com observância à lei e aos princípios da ética e não temos do que ser advertidos", disse o presidente da empresa.


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