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Lula volta a dizer que a Vale precisa elevar investimento
Em artigo para jornais, presidente relata cobrança sobre direção da mineradora
Demissões e redução de investimentos após a eclosão da crise global geraram críticas públicas
de Lula à gestão da empresa
Rafel Andrade/Folha Imagem
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O presidente Lula acena durante entrega de apartamentos para comunidades pobres no Rio, construídos com recursos do PAC
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou ontem a cobrar investimentos da Vale, a
maior mineradora do país. Na
coluna semanal "O Presidente
Responde", publicada em 132
jornais do país, o presidente
Lula confirmou ontem interferência na empresa ao responder a uma pergunta sobre a indústria produtiva no Pará.
"Eu disse para a direção da
Vale do Rio Doce que não era
possível que uma empresa da
sua magnitude fosse apenas exportadora de minério de ferro.
Depois, eu tive a oportunidade
de ir à inauguração, em Barcarena, da nova planta da Alunorte, refinaria controlada pela
Vale. Mais importante: a Vale
anunciou o projeto da siderúrgica Aços Laminados do Pará, a
ser instalada em Marabá, e a
criação de um polo siderúrgico
na região. O governo está fazendo a sua parte e a iniciativa
privada tem que acompanhar
essa nova visão de desenvolvimento", afirmou o presidente.
No domingo, a Folha publicou reportagem informando
que Lula ameaçou interferir no
comando administrativo da
Vale a fim de levar a empresa a
fazer investimentos considerados estratégicos pelo governo,
sobretudo na área de siderurgia. Procurada ontem por meio
da assessoria de imprensa, a
Vale não quis se manifestar sobre a nova cobrança de Lula.
Insatisfeito com a ação da
Vale durante a fase mais aguda
da crise global, o presidente
ameaçou pressionar a Previ, o
fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, e a
BNDESPar, braço do BNDES
com participação em empresas, a usar suas ações com direito a voto para mudar o comando da mineradora.
O ápice da pressão se deu
quando Lula se queixou reservada e publicamente da Vale. O
presidente reclamou do corte
de US$ 3 bilhões em investimentos e de demissões de mais
de mil funcionários sem aviso
ao governo. Em dezembro do
ano passado, o presidente da
Vale, Roger Agnelli, anunciou o
corte de 1.300 funcionários e as
férias coletivas para outros
5.550.
A Vale, uma das empresas
brasileiras mais atingidas pela
crise global, que ceifou a demanda por seus minérios, é
controlada pela Valepar, que
tem 53% do capital votante da
companhia dividido da seguinte forma: 49% com um consórcio de fundos de pensão (Previ,
Funcef, Petros e Funcesp),
11,5% com o BNDESPar, 21%
com o Bradesco e 18% com o
grupo japonês Mitsui.
Segundo a Folha publicou
no domingo, a pressão do Planalto foi como um "tiro de advertência" de Lula.
Ontem, em carta publicada
na Folha, Agnelli afirmou que
a expressão "tiro de advertência" causou-lhe indignação e
repulsa. "Tal frase só faz sentido quando aplicada a bandidos,
que não respeitam a lei nem a
ética. Aqui na Vale atuamos
com observância à lei e aos
princípios da ética e não temos
do que ser advertidos", disse o
presidente da empresa.
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