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Banco privado recebe liçãozinha, diz Mantega
Durante evento em São Paulo, ministro da Fazenda volta a cutucar instituições privadas por manterem taxas de juros elevadas
Ministro prevê crescimento
de 1,7% do PIB no segundo
trimestre e diz que "o Brasil
completou o ciclo negativo,
recessivo, em 2 trimestres
PAULA NUNES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O ministro da Fazenda Guido
Mantega voltou a cutucar os
bancos privados em evento da
FGV (Fundação Getulio Vargas), ontem em São Paulo, criticando novamente as taxas de
juros aplicadas pelas instituições financeiras privadas.
Mantega afirmou que isso
deixa o consumidor "mais
apertado" e completou dizendo
que os "bancos públicos estão
dando uma ajudinha e uma liçãozinha" aos concorrentes
privados.
O ministro segue a linha de
pressão anunciada por ele há
menos de uma semana, por
ocasião do anúncio do balanço
do Banco do Brasil, que registrou lucro líquido de R$ 2,348
bilhões no segundo trimestre
deste ano. Isso representa um
crescimento de 42,8% do BB
em relação ao mesmo período
de 2008, e de 41% na comparação com os meses de janeiro a
março deste ano.
"Os bancos públicos vão bem
e os privados poderiam baixar
suas taxas de juros", considerou Mantega, num recado claramente direcionado aos bancos privados. Para o ministro, o
problema da concorrência está
em considerar a taxa de inadimplência elevada e com isso
aplicar juros altos, que acabam
gerando o efeito contrário e
tendem a aumentar o nível de
devedores.
A atuação agressiva do BB na
concessão de crédito durante a
crise foi fundamental para a
instituição ter recuperado a liderança do ranking bancário e
registrado ganhos expressivos.
A expansão da carteira total foi
impulsionada, principalmente,
pela ampliação do crédito ao
consumo. "Os bancos públicos
estão com desempenho importante, com um modelo proativo
e sem risco, porque a inadimplência não cresce por causa
disso", defendeu Mantega.
A recuperação do crédito, de
acordo com o ministro, também está diretamente relacionada com a política anticíclica
deliberada para combater os
efeitos da crise. Outro reflexo
dessas medidas, apontado ontem por Mantega é que, com isso, a inflação ficará abaixo da
meta de 4,5% para o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor
Amplo), medido pelo IBGE
(Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Ficou no passado
Mantega está adotando postura otimista com relação ao
desempenho econômico do
país. Contou que a previsão do
governo é de crescimento de
1,7% do PIB (Produto Interno
Bruto) agora no segundo trimestre. Para o ministro, isso indica que o Brasil deixou as taxas
negativas definitivamente para
trás. "O Brasil completou o ciclo negativo, recessivo, em apenas dois trimestres, enquanto
outros países ficaram quatro,
cinco trimestres com crescimento negativo", comparou.
O ministro fez questão ainda
de reforçar que o crescimento
não será "frenético" e, sim, gradual. Mantega credita todo esse
otimismo ao bom desempenho
do varejo, principalmente do
setor automotivo. "As vendas
de carros estão indo muito
bem. Foram vendidos mais carros nos últimos sete meses do
que no mesmo período anterior", observou.
Para o ano que vem, a expectativa do ministro é de a economia estará crescendo entre
4,5% e 5%. "Com inflação sob
controle", garantiu. (PAULA NUNES)
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