São Paulo, quarta-feira, 19 de agosto de 2009

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Banco privado recebe liçãozinha, diz Mantega

Durante evento em São Paulo, ministro da Fazenda volta a cutucar instituições privadas por manterem taxas de juros elevadas

Ministro prevê crescimento de 1,7% do PIB no segundo trimestre e diz que "o Brasil completou o ciclo negativo, recessivo, em 2 trimestres


PAULA NUNES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O ministro da Fazenda Guido Mantega voltou a cutucar os bancos privados em evento da FGV (Fundação Getulio Vargas), ontem em São Paulo, criticando novamente as taxas de juros aplicadas pelas instituições financeiras privadas.
Mantega afirmou que isso deixa o consumidor "mais apertado" e completou dizendo que os "bancos públicos estão dando uma ajudinha e uma liçãozinha" aos concorrentes privados.
O ministro segue a linha de pressão anunciada por ele há menos de uma semana, por ocasião do anúncio do balanço do Banco do Brasil, que registrou lucro líquido de R$ 2,348 bilhões no segundo trimestre deste ano. Isso representa um crescimento de 42,8% do BB em relação ao mesmo período de 2008, e de 41% na comparação com os meses de janeiro a março deste ano.
"Os bancos públicos vão bem e os privados poderiam baixar suas taxas de juros", considerou Mantega, num recado claramente direcionado aos bancos privados. Para o ministro, o problema da concorrência está em considerar a taxa de inadimplência elevada e com isso aplicar juros altos, que acabam gerando o efeito contrário e tendem a aumentar o nível de devedores.
A atuação agressiva do BB na concessão de crédito durante a crise foi fundamental para a instituição ter recuperado a liderança do ranking bancário e registrado ganhos expressivos. A expansão da carteira total foi impulsionada, principalmente, pela ampliação do crédito ao consumo. "Os bancos públicos estão com desempenho importante, com um modelo proativo e sem risco, porque a inadimplência não cresce por causa disso", defendeu Mantega.
A recuperação do crédito, de acordo com o ministro, também está diretamente relacionada com a política anticíclica deliberada para combater os efeitos da crise. Outro reflexo dessas medidas, apontado ontem por Mantega é que, com isso, a inflação ficará abaixo da meta de 4,5% para o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), medido pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Ficou no passado
Mantega está adotando postura otimista com relação ao desempenho econômico do país. Contou que a previsão do governo é de crescimento de 1,7% do PIB (Produto Interno Bruto) agora no segundo trimestre. Para o ministro, isso indica que o Brasil deixou as taxas negativas definitivamente para trás. "O Brasil completou o ciclo negativo, recessivo, em apenas dois trimestres, enquanto outros países ficaram quatro, cinco trimestres com crescimento negativo", comparou.
O ministro fez questão ainda de reforçar que o crescimento não será "frenético" e, sim, gradual. Mantega credita todo esse otimismo ao bom desempenho do varejo, principalmente do setor automotivo. "As vendas de carros estão indo muito bem. Foram vendidos mais carros nos últimos sete meses do que no mesmo período anterior", observou.
Para o ano que vem, a expectativa do ministro é de a economia estará crescendo entre
4,5% e 5%. "Com inflação sob controle", garantiu. (PAULA NUNES)


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