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Aumenta a lista de países que estão fora da recessão
Para economistas como Michael Mussa, ex-FMI, processo de recuperação da pior crise em mais de 60 anos já começou e será rápido
ÁLVARO FAGUNDES
DA REDAÇÃO
Com o crescimento registrado em economias avançadas,
como Japão e Alemanha (a segunda e a quarta maior do
mundo, respectivamente),
pouco mais de 25% do PIB global teve alta no segundo trimestre, indicando que o pior da
crise pode ter terminado.
Na prática, isso significa que
economias que representam
cerca de US$ 16 trilhões (27%
do PIB mundial) se expandiram de abril a junho em relação
aos três meses anteriores. Isso
leva em conta apenas os países
que já divulgaram seus dados.
Esse valor deve crescer mais
nas próximas semanas, quando
Brasil e Índia (que têm PIB superior a US$ 1 trilhão) apresentarem seus resultados, que
também devem ser positivos.
No primeiro trimestre deste
ano (comparando os mesmos
27 países), apenas China e Coreia do Sul, que representam
cerca de US$ 4,5 trilhões (ou
7% do PIB global), haviam se
expandido. No caso dos sul-coreanos, a alta foi de apenas 0,1%
-ante 2,3% de abril a junho.
O crescimento agora de grande parte mundo do mundo desenvolvido foi fraco e ocorreu,
em boa parte, porque os recuos
dos dois trimestres anteriores
foram muito fortes, com várias
países registrando quedas recordes, mas analistas dizem
que o processo de recuperação
já começou, ainda que grandes
economias como os Estados
Unidos e o Reino Unido permaneçam em recessão.
Para Michael Mussa, que foi
economista-chefe do FMI de
1991 a 2001, a crise chegou ao
fundo do poço e estamos agora
passando pelo processo de recuperação. Ao contrário de outros especialistas, que afirmam
que a economia global deve sofrer novas caídas antes de se estabilizar, ele disse que o processo será em formato de V (isto é,
a recuperação ocorrerá de forma rápida).
Para ele, o PIB global deve se
expandir em 4% no último trimestre deste ano e atingir no
fim de 2010 os níveis pré-crise.
O atual economista-chefe do
Fundo, Olivier Blanchard, seguiu caminho parecido ao de
Mussa. Em artigo publicado
ontem, disse que o processo de
recuperação da crise teve início, porém alertou: a mudança
de rumo da economia global
não será simples. "A crise deixou cicatrizes profundas que
afetarão tanto a oferta como a
demanda nos próximos anos."
Ele disse que não se deve esperar taxas muitos altas de expansão durante a recuperação e
que, para que esse processo seja
"sustentável", os EUA devem
aumentar suas exportações, ao
mesmo tempo em que o resto
do mundo, especialmente a
Ásia, reduz as suas compras.
Países
Para Mussa (que hoje trabalha no Instituto de Economia
Internacional, em Washington), a recessão nos EUA, que
teve início em dezembro de
2007, também chegou ao fim
no atual trimestre em termos
de crescimento econômico,
mas o desemprego vai chegar a
cerca de 10% no final deste ano.
Para o ano que vem, diz ele, a
taxa deve ficar abaixo de 9%
-ela está hoje em 9,4%, uma
das mais altas em 26 anos.
Ele, que afirma estar otimista
com a economia global, disse
que ficou surpreso com o resultado da Europa (França e Alemanha saíram da recessão, e o
PIB da zona do euro caiu apenas 0,1%, ante 2,5% no trimestre anterior) e que espera que
os dados do bloco sejam positivos nos próximos meses -variando de país para país.
Sobre os emergentes, ele afirma que o Brasil deve apresentar dados positivos significativos, e os países asiáticos (que tiveram quedas de até 20%) também chegaram ao fundo do poço, enquanto outros, como o
México, ainda devem sofrer
mais com a crise.
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