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FMI alerta sobre fim dos estímulos fiscais nos EUA
Para o Fundo, suspensão de medidas antes da hora pode ameaçar reação da economia
Por outro lado, manutenção dos incentivos por longo tempo traz riscos de alto endividamento ao país, diz economista-chefe do FMI
TOM BRAITHWAITE
DO "FINANCIAL TIMES", EM WASHINGTON
O economista-chefe do FMI
(Fundo Monetário Internacional) descreveu ontem uma recuperação mundial "nascente",
mas afirmou que as autoridades econômicas dos Estados
Unidos teriam dificuldade para
definir o momento exato em
que as medidas de estímulo fiscal devem ser descontinuadas.
Olivier Blanchard escreveu
que uma recuperação na confiança dos consumidores dos
Estados Unidos e a elevação
nas exportações norte-americanas aos países superavitários
da Ásia eram necessários como
substitutos dos gastos públicos
elevados.
Mas, em um estudo publicado pelo FMI, ele afirmou que
"está claro" que a retomada do
equilíbrio poderia não acontecer, "ao menos não na escala requerida".
Sem uma recuperação na demanda externa por bens dos
Estados Unidos, "que ocupam
posição central em qualquer
recuperação mundial", as medidas de estímulo podem ser
mantidas por tempo longo demais -o que elevaria de forma
indesejável a dívida do país-
ou abolidas antes da hora -o
que colocaria em risco a recuperação.
Caso os déficits fiscais sejam
mantidos por tempo longo demais, segundo Blanchard, poderia haver "preocupações sobre os títulos do Tesouro norte-americano e o dólar [...], e isso
causaria forte fuga de capital
dos Estados Unidos. Poderia
haver desvalorização do dólar,
mas de maneira desordenada, o
que geraria um novo episódio
de instabilidade e alta incerteza, o que por sua vez poderia tirar dos trilhos a recuperação".
Japão, França e Alemanha
retomaram o crescimento no
segundo trimestre, de acordo
com dados econômicos divulgados nos últimos dias, e a
maioria dos economistas acredita que a recessão nos Estados
Unidos tenha acabado ou esteja
chegando ao fim.
"Cicatrizes"
As perspectivas de crescimento futuro na Alemanha
melhoraram ontem, com a divulgação dos dados do ZEW
Institute sobre a confiança dos
consumidores, que mostram a
marca mais alta em três anos.
"A reversão da crise não será
simples", disse Blanchard. "Ela
deixou muitas cicatrizes profundas, que afetarão oferta e
procura por muitos anos." O estudo que ele conduziu será publicado hoje no site do FMI.
Blanchard apontou que a recuperação poderia ser lenta demais para conter a alta do desemprego em muitos países.
Nos Estados Unidos, o índice
de desemprego é de 9,4% e ultrapassa os 10% em diversas regiões da Europa.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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