São Paulo, quarta-feira, 19 de agosto de 2009

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FMI alerta sobre fim dos estímulos fiscais nos EUA

Para o Fundo, suspensão de medidas antes da hora pode ameaçar reação da economia

Por outro lado, manutenção dos incentivos por longo tempo traz riscos de alto endividamento ao país, diz economista-chefe do FMI


TOM BRAITHWAITE
DO "FINANCIAL TIMES", EM WASHINGTON

O economista-chefe do FMI (Fundo Monetário Internacional) descreveu ontem uma recuperação mundial "nascente", mas afirmou que as autoridades econômicas dos Estados Unidos teriam dificuldade para definir o momento exato em que as medidas de estímulo fiscal devem ser descontinuadas. Olivier Blanchard escreveu que uma recuperação na confiança dos consumidores dos Estados Unidos e a elevação nas exportações norte-americanas aos países superavitários da Ásia eram necessários como substitutos dos gastos públicos elevados.
Mas, em um estudo publicado pelo FMI, ele afirmou que "está claro" que a retomada do equilíbrio poderia não acontecer, "ao menos não na escala requerida". Sem uma recuperação na demanda externa por bens dos Estados Unidos, "que ocupam posição central em qualquer recuperação mundial", as medidas de estímulo podem ser mantidas por tempo longo demais -o que elevaria de forma indesejável a dívida do país- ou abolidas antes da hora -o que colocaria em risco a recuperação.
Caso os déficits fiscais sejam mantidos por tempo longo demais, segundo Blanchard, poderia haver "preocupações sobre os títulos do Tesouro norte-americano e o dólar [...], e isso causaria forte fuga de capital dos Estados Unidos. Poderia haver desvalorização do dólar, mas de maneira desordenada, o que geraria um novo episódio de instabilidade e alta incerteza, o que por sua vez poderia tirar dos trilhos a recuperação".
Japão, França e Alemanha retomaram o crescimento no segundo trimestre, de acordo com dados econômicos divulgados nos últimos dias, e a maioria dos economistas acredita que a recessão nos Estados Unidos tenha acabado ou esteja chegando ao fim.

"Cicatrizes"
As perspectivas de crescimento futuro na Alemanha melhoraram ontem, com a divulgação dos dados do ZEW Institute sobre a confiança dos consumidores, que mostram a marca mais alta em três anos.
"A reversão da crise não será simples", disse Blanchard. "Ela deixou muitas cicatrizes profundas, que afetarão oferta e procura por muitos anos." O estudo que ele conduziu será publicado hoje no site do FMI. Blanchard apontou que a recuperação poderia ser lenta demais para conter a alta do desemprego em muitos países. Nos Estados Unidos, o índice de desemprego é de 9,4% e ultrapassa os 10% em diversas regiões da Europa.

Tradução de PAULO MIGLIACCI



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