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Dados sugerem que economia americana permanece frágil
FERNANDO CANZIAN
DE NOVA YORK
Apesar de muitos acreditarem que os EUA já deixaram a
recessão para trás, dados divulgados ontem sobre preços no
atacado e construção de residências deram forte indicação
de como a economia norte-americana continua frágil.
Os preços aos produtores caíram mais do que o esperado em
julho, liderados pela queda nos
custos de alimentos e energia.
A retração, de 0,9%, ocorreu
após três meses de alta.
O indicador sugere que a demanda do setor produtivo continua muito baixa na comparação com níveis históricos. E que
o fraco consumo no país (que
representa cerca de 70% do
PIB da maior economia mundial) vai levando à redução do
volume de bens produzidos.
Na comparação com julho do
ano passado, a queda acumulada é de 6,8%, a maior em 60
anos. As maiores reduções estão relacionadas ao setor de
energia e petróleo (que tem impacto em toda a cadeia de produtos químicos e de materiais
plásticos).
Há um ano, o barril de petróleo chegou a estar cotado acima
de US$ 145. Nesta semana, ronda os US$ 70. Se forem excluídos do cálculo os setores de
energia e alimentação (considerados mais voláteis), a queda
é de 0,1%.
O lado positivo é que o dado
mostra que a inflação ainda não
é uma preocupação nos EUA.
Caso ela avance, o Fed (o BC
americano) será obrigado a elevar juros, pois investidores que
hoje compram títulos do Tesouro começarão a ter suas
aplicações corroídas.
Também a despeito de algumas notícias recentes e animadoras no mercado imobiliário,
onde os preços dão sinais de
reação, o Departamento do Comércio anunciou que a construção de casas nos EUA recuou 1% em julho sobre igual
período do ano passado.
No setor automobilístico,
uma boa notícia: a General Motors anunciou que fabricará 60
mil veículos a mais do que planejava na segunda metade deste ano e que recontratará 1.350
trabalhadores temporários em
linhas de produção nos EUA e
no Canadá.
O aumento da demanda por
veículos nos EUA se dá com um
empurrão do setor público.
Cerca de US$ 3 bilhões estão
sendo gastos para incentivar a
troca de carros menos eficientes por modelos mais econômicos. Os descontos máximos
chegam a US$ 4.500.
Outros dados aparentemente positivos também animaram
ontem a Bolsa de Nova York,
onde o índice Dow Jones fechou com alta de 0,90%.
O mercado seguiu principalmente os lucros maiores de
grandes empresas do varejo,
como Target e Home Depot. Os
resultados positivos, porém, tiveram mais a ver com corte de
empregos e custos do que com
aumento de faturamento.
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