São Paulo, quarta-feira, 19 de agosto de 2009

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Dados sugerem que economia americana permanece frágil

FERNANDO CANZIAN
DE NOVA YORK

Apesar de muitos acreditarem que os EUA já deixaram a recessão para trás, dados divulgados ontem sobre preços no atacado e construção de residências deram forte indicação de como a economia norte-americana continua frágil.
Os preços aos produtores caíram mais do que o esperado em julho, liderados pela queda nos custos de alimentos e energia. A retração, de 0,9%, ocorreu após três meses de alta.
O indicador sugere que a demanda do setor produtivo continua muito baixa na comparação com níveis históricos. E que o fraco consumo no país (que representa cerca de 70% do PIB da maior economia mundial) vai levando à redução do volume de bens produzidos.
Na comparação com julho do ano passado, a queda acumulada é de 6,8%, a maior em 60 anos. As maiores reduções estão relacionadas ao setor de energia e petróleo (que tem impacto em toda a cadeia de produtos químicos e de materiais plásticos).
Há um ano, o barril de petróleo chegou a estar cotado acima de US$ 145. Nesta semana, ronda os US$ 70. Se forem excluídos do cálculo os setores de energia e alimentação (considerados mais voláteis), a queda é de 0,1%.
O lado positivo é que o dado mostra que a inflação ainda não é uma preocupação nos EUA. Caso ela avance, o Fed (o BC americano) será obrigado a elevar juros, pois investidores que hoje compram títulos do Tesouro começarão a ter suas aplicações corroídas.
Também a despeito de algumas notícias recentes e animadoras no mercado imobiliário, onde os preços dão sinais de reação, o Departamento do Comércio anunciou que a construção de casas nos EUA recuou 1% em julho sobre igual período do ano passado.
No setor automobilístico, uma boa notícia: a General Motors anunciou que fabricará 60 mil veículos a mais do que planejava na segunda metade deste ano e que recontratará 1.350 trabalhadores temporários em linhas de produção nos EUA e no Canadá.
O aumento da demanda por veículos nos EUA se dá com um empurrão do setor público. Cerca de US$ 3 bilhões estão sendo gastos para incentivar a troca de carros menos eficientes por modelos mais econômicos. Os descontos máximos chegam a US$ 4.500.
Outros dados aparentemente positivos também animaram ontem a Bolsa de Nova York, onde o índice Dow Jones fechou com alta de 0,90%.
O mercado seguiu principalmente os lucros maiores de grandes empresas do varejo, como Target e Home Depot. Os resultados positivos, porém, tiveram mais a ver com corte de empregos e custos do que com aumento de faturamento.


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