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Para Amorim, Obama precisa "aprender" sobre comércio
Chanceler diz que Obama não tem "vivência política do que significa [a Rodada Doha]"
Negociações sobre a liberalização do comércio global estão paralisadas desde 2008, e Brasil atribui impasse a Washington
BRENO COSTA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
O chanceler Celso Amorim
reforçou ontem as críticas à posição do governo do presidente
dos Estados Unidos, Barack
Obama, em relação à Rodada
Doha. O ministro das Relações
Exteriores afirmou que o presidente democrata ainda não
tem "vivência política do que
significa [a rodada]".
A rodada, que tem como objetivo liberalizar o comércio
mundial, eliminado subsídios
de países ricos, foi lançada em
2001. Após idas e vindas, está
congelada desde o fim de 2008.
O Brasil atribui o impasse principalmente aos EUA.
Em setembro, em Nova Déli,
na Índia, uma nova reunião discutirá o tema, mas os EUA ainda não decidiram se enviarão
seu representante comercial
para o encontro. Amorim, que
em julho sinalizou que o Brasil
desistiu de Doha, diz estar
"cauteloso" e que, neste momento, ser pessimista "parece
mais inteligente".
Segundo o ministro, Obama
ainda está em processo de
"aprendizado" em relação à importância do tema. Questionado se os democratas incorporaram a agenda republicana nessa questão, Amorim disse que a
posição norte-americana "evoluiu muito pouco".
"Acho que esse é um período,
digamos assim, não quero soar
paternalista, de um aprendizado normal", disse Amorim após
palestra em Nova Lima, região
metropolitana de Belo Horizonte, sobre a influência da Rodada Doha no processo de internacionalização de corporações de mercados emergentes.
"Quando me refiro a aprendizado, não quer dizer ler o bê-a-bá, é você ter a vivência política do que significa e do que você
precisa fazer politicamente para chegar a um resultado. Eu
honestamente não sei se esse
aprendizado, no caso dos EUA,
já se encerrou", disse.
Amorim tece críticas à posição de Barack Obama em relação ao tema desde antes da posse do democrata, em janeiro.
Em dezembro, ao criticar a
ausência de um sinal claro do
então presidente eleito sobre
os avanços nas negociações de
Doha, declarou que "os líderes
precisam mostrar que são líderes, não podem se esconder por
trás de formalidades", em referência à posse de Obama.
Amorim ainda buscou contemporizar seu discurso, ontem, ao dizer que problemas internos americanos, como o périplo de Obama pelos EUA na
tentativa de garantir apoio à reforma do sistema de saúde, podem estar influenciando a posição americana sobre Doha.
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