São Paulo, quarta-feira, 19 de agosto de 2009

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Para Amorim, Obama precisa "aprender" sobre comércio

Chanceler diz que Obama não tem "vivência política do que significa [a Rodada Doha]"

Negociações sobre a liberalização do comércio global estão paralisadas desde 2008, e Brasil atribui impasse a Washington


BRENO COSTA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

O chanceler Celso Amorim reforçou ontem as críticas à posição do governo do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, em relação à Rodada Doha. O ministro das Relações Exteriores afirmou que o presidente democrata ainda não tem "vivência política do que significa [a rodada]".
A rodada, que tem como objetivo liberalizar o comércio mundial, eliminado subsídios de países ricos, foi lançada em 2001. Após idas e vindas, está congelada desde o fim de 2008. O Brasil atribui o impasse principalmente aos EUA.
Em setembro, em Nova Déli, na Índia, uma nova reunião discutirá o tema, mas os EUA ainda não decidiram se enviarão seu representante comercial para o encontro. Amorim, que em julho sinalizou que o Brasil desistiu de Doha, diz estar "cauteloso" e que, neste momento, ser pessimista "parece mais inteligente".
Segundo o ministro, Obama ainda está em processo de "aprendizado" em relação à importância do tema. Questionado se os democratas incorporaram a agenda republicana nessa questão, Amorim disse que a posição norte-americana "evoluiu muito pouco".
"Acho que esse é um período, digamos assim, não quero soar paternalista, de um aprendizado normal", disse Amorim após palestra em Nova Lima, região metropolitana de Belo Horizonte, sobre a influência da Rodada Doha no processo de internacionalização de corporações de mercados emergentes.
"Quando me refiro a aprendizado, não quer dizer ler o bê-a-bá, é você ter a vivência política do que significa e do que você precisa fazer politicamente para chegar a um resultado. Eu honestamente não sei se esse aprendizado, no caso dos EUA, já se encerrou", disse.
Amorim tece críticas à posição de Barack Obama em relação ao tema desde antes da posse do democrata, em janeiro.
Em dezembro, ao criticar a ausência de um sinal claro do então presidente eleito sobre os avanços nas negociações de Doha, declarou que "os líderes precisam mostrar que são líderes, não podem se esconder por trás de formalidades", em referência à posse de Obama.
Amorim ainda buscou contemporizar seu discurso, ontem, ao dizer que problemas internos americanos, como o périplo de Obama pelos EUA na tentativa de garantir apoio à reforma do sistema de saúde, podem estar influenciando a posição americana sobre Doha.


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