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MERCADOS
Duas medidas tentam atrair capital após venda de moeda não ter impedido que cotação chegasse a R$ 1,90
Dólar dispara e obriga o BC a intervir
da Reportagem Local
da Sucursal de Brasília
O Banco Central interveio no
mercado de câmbio ontem, para
tentar conter a alta do dólar. Mesmo com a ação, a moeda fechou o
dia cotada a R$ 1,905, uma alta de
1,44% em relação a anteontem e o
maior valor desde 12 de março.
Foi a primeira
vez que o BC interveio diretamente no câmbio
desde maio.
Segundo o presidente do BC, Armínio Fraga, a instituição entrou ontem três
vezes no mercado de
câmbio, mas não vendeu moeda em todas
elas. Ele não revelou o
quanto gastou (há um limite de cerca de US$ 3 bilhões para intervenção) nem forneceu detalhes das operações.
Segundo operadores de câmbio, as ações do Banco Central
ocorreram pela manhã e efetivamente fizeram o valor da moeda
recuar (de cerca de R$ 1,904 para
R$ 1,885). Mas, à tarde, o mercado teria agido livremente, e o dólar voltou a subir.
Após o fechamento dos negócios, o BC anunciou medidas para estimular o ingresso de dólares
no país, para aumentar a oferta de
moeda.
Foi eliminada a tributação de
0,5% referente ao IOF (Imposto
sobre Operações Financeiras) sobre capitais especulativos e afrouxada a regra para ingresso de dólares destinados aos exportadores.
Desde o início do dia, o dólar já
apresentava tendência de alta.
Em apenas dez minutos de negócios, a moeda apresentou valorização de 0,37%.
A fragilidade política do governo foi apontada como o principal
fator causador da alta do dólar.
"O presidente (Fernando Henrique Cardoso) não está conseguindo transmitir a credibilidade
que tinha no primeiro mandato,
passando instabilidade. Ninguém
quer manter reservas em reais.
Todo mundo procura proteção
no dólar", afirmou Mário Battistel, diretor da corretora Novação.
"As pessoas estão procurando
fundos cambiais nos bancos e até
as pequenas empresas já querem
operações de proteção, aumentando a pressão no câmbio", disse Herbert Soares, da Finambrás.
Com muitos compradores e
poucos vendedores, a moeda
chegou ao pico de R$ 1,908. O BC
agiu logo depois.
Fraga disse que as intervenções
não tiveram o objetivo de impor
um teto para a cotação da moeda,
mas corrigir a falta de liquidez
(poucas operações de venda).
"O fato de subir ou baixar não quer dizer
nada", disse
Fraga. "Irrigar o mercado não tem o objetivo
de definir a taxa."
"A formação de preços não é
boa", disse o diretor de Política
Monetária do BC, Luiz Fernando
Figueiredo.
"O que o BC colocou, o mercado absorveu, revendeu em seguida e ainda teve um lucro", disse
João Medeiros, sócio da Pioneer
Corretora.
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