São Paulo, Domingo, 19 de Setembro de 1999
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Desavença no bloco extrapola o campo comercial

de Buenos Aires

A desavença entre Brasil e Argentina não se limita à área comercial. Analistas argentinos concordam que o recente alinhamento político do país com os Estados Unidos irritou negociadores do Brasil.
Na criação do Mercosul, em 1986, havia um acordo tácito entre os dois parceiros. O Brasil buscava o apoio estratégico da Argentina para fazer frente às grandes potenciais econômicas, como EUA, Japão e União Européia.
O país ganharia mais poder de barganha para negociar a abertura de mercados estratégicos e mais peso na balança de poder mundial se pudesse se apresentar como líder do Cone Sul.
A Argentina, por sua vez, tinha e tem uma visão mais comercial do Mercosul. Vê o mercado brasileiro -180 milhões de pessoas, contra 35 milhões- como a saída natural para as suas exportações.
Desde do início do ano, determinados setores do governo argentino, sob a liderança do secretário de Planejamento Estratégico da Presidência, Jorge Castro, anunciaram propostas de aproximação com os EUA que abalaram a confiança do Brasil no apoio argentino à estratégia de inserção mundial brasileira.
Os dois casos emblemáticos são a dolarização e o desejo de se integrar à Otan. Para Raúl Ochoa, ex-secretário de Comércio Exterior argentino, os diplomatas brasileiros ficaram mais enfurecidos com a idéia argentina de fazer parte da Otan do que com o projeto de implementar salvaguardas dentro do Mercosul. (ANDRÉ SOLIANI)


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