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Desavença no bloco extrapola o campo comercial
de Buenos Aires
A desavença entre Brasil e Argentina não se limita à área comercial. Analistas argentinos
concordam que o recente alinhamento político do país com os Estados Unidos irritou negociadores do Brasil.
Na criação do Mercosul, em
1986, havia um acordo tácito entre os dois parceiros. O Brasil buscava o apoio estratégico da Argentina para fazer frente às grandes potenciais econômicas, como
EUA, Japão e União Européia.
O país ganharia mais poder de
barganha para negociar a abertura de mercados estratégicos e
mais peso na balança de poder
mundial se pudesse se apresentar
como líder do Cone Sul.
A Argentina, por sua vez, tinha e
tem uma visão mais comercial do
Mercosul. Vê o mercado brasileiro -180 milhões de pessoas, contra 35 milhões- como a saída natural para as suas exportações.
Desde do início do ano, determinados setores do governo argentino, sob a liderança do secretário de Planejamento Estratégico
da Presidência, Jorge Castro,
anunciaram propostas de aproximação com os EUA que abalaram
a confiança do Brasil no apoio argentino à estratégia de inserção
mundial brasileira.
Os dois casos emblemáticos são
a dolarização e o desejo de se integrar à Otan. Para Raúl Ochoa, ex-secretário de Comércio Exterior
argentino, os diplomatas brasileiros ficaram mais enfurecidos com
a idéia argentina de fazer parte da
Otan do que com o projeto de implementar salvaguardas dentro
do Mercosul.
(ANDRÉ SOLIANI)
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