São Paulo, quinta-feira, 19 de setembro de 2002

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EM TRANSE

Para analistas, pressão das pesquisas é relativa

Economistas divergem sobre efeito das eleições na disparada do dólar

DA REPORTAGEM LOCAL

Economistas de bancos no Brasil e no exterior divergem sobre a extensão dos efeitos das pesquisas eleitorais na escalada do dólar, que ontem somou a quinta jornada consecutiva de alta.
""Os únicos fatos novos nos últimos dias são relativos aos preços do petróleo, no cenário internacional, ou pesquisas de intenção de voto, no mercado brasileiro. É uma resposta bastante óbvia: as pesquisas influíram, e muito, na onda de volatilidade", disse Arturo Porzecanski, economista-chefe para mercados emergentes do ABN Amro, em Nova York.
Já Octavio de Barros, economista-chefe do BBV banco, relativizou o efeito das pesquisas eleitorais sobre o dólar. ""O que mais tem pressionado o câmbio nos últimos dias é a saída de capitais. Não é fuga de investimentos, mas pagamento de compromissos. São quantias pequenas, mas mexem com o mercado."
De acordo com o economista, em uma escala, o chamado ""efeito pesquisa" representaria menos da metade da pressão sobre a moeda americana. ""Há de fato uma ansiedade eleitoral. O mercado não está dando o benefício da dúvida a ninguém", diz Barros.
Para ele, não há razão para que a alta persista, considerada a melhora nos dados da balança comercial, do déficit em conta corrente e a interrupção da queda das linhas externas de crédito.
Segundo o ex-ministro da Fazenda Delfim Netto, a antecipação de preços pelo mercado de uma eventual vitória do candidato petista no primeiro turno ""é conversa para boi dormir".
""O mercado fica procurando explicações de cunho eleitoral para encobrir a verdade, que é a situação estrutural da economia brasileira. Um país que vai três vezes ao FMI em quatro anos não pode estar com economia sadia", disse Delfim. (JOSÉ ALAN DIAS)


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