|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
EM TRANSE
Pessimismo das últimas semanas derruba previsões de crescimento do PIB e de investimentos estrangeiros
Pioram os cenários para a economia do país
ÉRICA FRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL
Um ano depois dos atentados terroristas nos Estados Unidos, as expectativas do mercado para a economia brasileira se tornaram ainda piores do que os drásticos
cenários traçados naquele período. O pessimismo crescente das
últimas semanas levou as estimativas para importantes indicadores como PIB (Produto Interno Bruto) e volume de investimentos
ao pior nível dos últimos 12 meses.
Uma compilação feita pelo BBV
Banco da evolução das expectativas do mercado -medidas semanalmente pelo Banco Central- mostra claramente essa deterioração nas previsões econômicas.
As projeções para o resultado
do PIB em 2002, por exemplo, vinham despencando desde meados do ano até atingir 1,47% na última sexta-feira. O número é bastante inferior ao 1,84% de crescimento previsto em outubro do
ano passado, um mês depois dos
atentados terroristas, quando se
traçava um cenário de catástrofe
para a economia mundial.
Esse movimento recente de correção de estimativas para patamares piores aconteceu com a maior
parte dos indicadores econômicos, com exceção daqueles que
medem o comportamento da balança comercial.
Motivos
São duas as causas principais para o agravamento do pessimismo dos analistas. Em primeiro lugar, as eleições estão se aproximando e, segundo recentes pesquisas de opinião, vêm aumentando as chances de vitória da oposição já no primeiro turno. Isso assusta o mercado.
De acordo com o economista-chefe de um importante banco estrangeiro, as incertezas sobre o futuro da economia depois das eleições tornam a tarefa de se fazer estimativas praticamente impossível. Na dúvida, os analistas optam
pelo conservadorismo, segundo
ele, o que leva a uma deterioração
das projeções.
A outra razão para tanto pessimismo vem de fora. As perspectivas cada vez mais remotas de uma
rápida recuperação da economia
mundial, a forte crise de confiança que afeta os investidores estrangeiros e o temor de uma guerra entre os EUA e o Iraque também têm contribuído para a deterioração das expectativas.
Não por acaso, as projeções do
mercado para o fluxo de investimento estrangeiro direto para o
Brasil em 2003 despencaram de
R$ 17 bilhões para R$ 16 bilhões
em apenas uma semana, segundo
a pesquisa Focus divulgada pelo
BC na última sexta-feira.
As estimativas para os investimentos em ações também não
são nada alentadoras, e caíram de
US$ 1,15 bilhão para US$ 910 milhões nos últimos dias, também
segundo dados do BC.
"A situação do Brasil é agravada
pela forte aversão de investidores
a países emergentes, em um momento em que todos querem reduzir sua exposição ao risco", afirma Fernando Barbosa, economista do BBV Banco.
Exceção
A exceção entre tantas expectativas ruins fica por conta da balança comercial, pois as estimativas de saldo do comércio exterior brasileiro crescem a cada semana.
Segundo Sérgio Werlang, diretor do Itaú, o bom desempenho da balança comercial deverá compensar a redução do fluxo de investimentos para o país e facilitar o ajuste das contas externas. "Isso é possível graças ao câmbio flutuante, que funciona como um amortecedor em crises como a atual", diz Werlang.
Texto Anterior: Economistas divergem sobre efeito das eleições na disparada do dólar Próximo Texto: Crise faz Copom deixar juro em 18% Índice
|