|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Crise faz Copom deixar juro em 18%
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Banco Central sinalizou que não pretende reduzir os juros no
curto prazo, como era esperado desde a reunião do Copom (Comitê de Política Monetária do BC) realizada no mês passado. Ontem, o BC anunciou que manterá a taxa básica em 18% ao ano, mas desistiu de adotar o instrumento
chamado de viés de baixa.
O viés de baixa permite que o presidente do BC reduza os juros
sem reunião do Copom. O instrumento foi adotado no mês passado, criando a possibilidade de ocorrer um corte na taxa Selic a qualquer momento -o que acabou não acontecendo.
Ontem, o Copom retirou o viés de baixa adotado no mês passado.
Isso significa que os juros continuarão em 18% ao ano até o próximo encontro, marcado para os
dias 22 e 23 de outubro.
O BC creditou a manutenção
dos juros ao "quadro de volatilidade e incerteza" observado
atualmente.
O mercado ainda tem dúvidas
em relação à política econômica
que será adotada no ano que vem
pelo novo presidente, fazendo
com que investidores busquem
proteção no dólar. Uma guerra
entre EUA e Iraque teria o efeito
imediato de elevar a cotação do
petróleo e pressionar a inflação.
Quando os juros caem, também
caem os rendimentos das aplicações de renda fixa. Isso estimula o
mercado a buscar investimentos
mais rentáveis, como o dólar e
pressiona o valor da moeda.
A alta do dólar afeta o preço de
matérias-primas e produtos importados, o que pode levar a mais
inflação. Também para evitar esse
repasse, o BC mantém juros elevados para desestimular o consumo, o que reduz o espaço para
reajustes de preços.
O efeito colateral dos juros altos
recai sobre o crescimento econômico. Com a queda no consumo,
as empresas deixam de investir, e
a economia pára de crescer. Na
opinião de Hugo Penteado, economista-chefe do ABN Amro Asset Management, a decisão do BC
em manter os juros foi acertada,
mesmo considerando seu efeito
recessivo.
Para Penteado, o controle da inflação é fundamental para criar
condições para que a economia
cresça de maneira equilibrada.
"Com inflação, o crescimento vai
para o beleléu", diz. Segundo o
economista, foi o que aconteceu
nos anos 80, quando o Brasil conviveu com a hiperinflação e a estagnação.
Entre janeiro e agosto, o IPCA
(Índice de Preços ao Consumidor
Amplo) subiu 4,85%. O mercado
projeta que, até o final do ano, a
alta chegue a aproximadamente
6,5%, acima da meta fixada pelo
governo, que é de 3,5%, com margem de tolerância de dois pontos
percentuais para cima ou para baixo.
Texto Anterior: Pioram os cenários para a economia do país Próximo Texto: Dólar dá sinal de que parou de "fugir" do país Índice
|