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DOSE HOMEOPÁTICA
No caso do cheque especial, taxa anual deveria ter caído, em média, 7,05% para manter tendência histórica
Juro bancário recua menos que a Selic
ÉRICA FRAGA
MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL
As reduções das taxas de juros
anunciadas pelos bancos nos últimos dois dias, em termos relativos, ficaram bem aquém da queda da Selic, que passou de 22% para 20% ao ano anteontem.
Historicamente, os movimentos da Selic (juros básicos da economia) e as taxas finais cobradas
pelas instituições financeiras da
economia têm uma correlação
bastante alta. Ou seja, quando a
Selic sobe, os juros ao consumidor sobem. O mesmo vale para as
reduções da taxa básica.
A consultoria ABM Consulting
calculou em que proporção as taxas finais dos bancos vêm acompanhando a Selic nos últimos cinco anos. Com base nos resultados
encontrados, concluiu que os cortes nos juros feitos nos últimos
dois dias pelos bancos ficaram
longe de refletir essa proporção.
A queda da Selic foi de 9,09% ao
ano. De acordo com a consultoria,
os juros anuais do cheque especial
para pessoa física, por exemplo,
deveriam ter caído 7,05%, em média, para seguir a tendência histórica dos movimentos dessa taxa
em relação à Selic.
No entanto, os cortes nos bancos foram bem inferiores. Itaú e
Bradesco, por exemplo, reduziram suas taxas de cheque especial
em 2,54% e 2,57% ao ano, respectivamente. No Banco do Brasil,
essa mesma taxa caiu entre 1,98%
e 2,62%. A Caixa Econômica Federal promoveu cortes entre
2,62% e 4,17%.
O mesmo vale para outras modalidades como crédito pessoal e
descontos de duplicatas para empresas. No caso do crédito pessoal, o levantamento indica que as
taxas poderiam ter caído 7,62%
com a queda da Selic.
Mas as reduções das instituições
financeiras variaram de 1,12% a
3,5%. A exceção foi o Unibanco,
que, em termos anuais, baixou em
7,56% a sua taxa.
"Esse levantamento mostra que
as taxas ao tomador final não caíram o quanto poderiam levando-se em conta a experiência do passado", afirma Alberto Borges Matías, sócio da ABM Consulting.
Roberto Troster, economista-chefe da Febraban (Federação
Brasileira dos Bancos), argumenta que os juros futuros influenciam mais as taxas de crédito dos
bancos do que a Selic. Mas as taxas de juros futuros também vêm
caindo, acompanhando a expectativa de queda da Selic.
Troster, no entanto, tem outros
argumentos: "O custo do empréstimo não depende apenas do custo do dinheiro para o banco, mas
de fatores como inadimplência".
Para Edson Machado Monteiro,
vice-presidente de varejo e distribuição do BB, fatores como custos operacionais, tributação e risco de crédito influenciam as taxas
finais de juros. Embora os custos
operacionais venham caindo nos
últimos cinco anos, diz, a tributação sobre os bancos e o risco de
crédito são maiores hoje.
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