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Governo vê estagnação na criação de emprego formal
Geração de vagas com carteira neste ano deve ficar igual ou cair em relação a 2005
Em agosto foram abertos 128,9 mil novos postos, puxados por construção civil, extração mineral, indústria e serviços
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Diante do fraco resultado do
mercado de trabalho formal em
agosto, o ministro do Trabalho,
Luiz Marinho, previu ontem
que a geração de empregos deve fechar o ano com número semelhante ou mesmo menor
que o total do ano passado. De
boa notícia, o registro do crescimento de vagas pelo oitavo mês
consecutivo no Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados).
"O ano passado são números
concretos. Neste ano são previsões. No ano passado foi criado
1,253 milhão de vagas. Neste
ano, nós acreditamos que ficaremos em torno disso. Podemos ficar um pouco para cima
um pouco para baixo", afirmou
Marinho.
Durante a campanha eleitoral de 2002, o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva chegou a
dizer que o governo precisaria
de 10 milhões de novos empregos nos quatro anos seguintes.
Desde janeiro de 2003, quando
o petista chegou ao Planalto, foram criadas 4.629.770, de acordo com o ministro do Trabalho.
Na ótica de Marinho, há motivos para celebrar a média de
104 mil novos empregos mensais na gestão Lula, que encontrou um cenário externo extremamente favorável. "Um número bastante significativo, se
compararmos com outros períodos da história recente do
país", disse Marinho.
No mês passado, foram 128,9
mil novos empregos formais,
de acordo com o Caged, uma
queda de 4,8% em relação ao
mesmo mês do ano passado.
Não entram na conta contratações de pessoas jurídicas ou novos servidores públicos -municipais, estaduais ou federais.
Os setores de melhor desempenho foram construção civil,
extração mineral, serviços, comércio e indústrias de transformação. A agricultura, devido
à entressafra, amargou a perda
de 13,7 mil vagas. Um pouco
melhor que a redução de 20,5
mil de agosto de 2005.
Marinho tentou também
vender otimismo. Setembro seria melhor pelo aumento da
produção para o Natal. E a nova
Lei Geral das Micro e Pequenas
Empresas provocaria a formalização de empregados no país.
Estagnação
Professor da PUC do Rio de
Janeiro e sócio da consultoria
Tendências, o economista José
Márcio Camargo previu que a
geração de novos empregos
com carteira assinada está atingindo uma estagnação no país.
Em especial, por conta do alto
custo dos encargos trabalhistas
para as empresas e benefícios
relativamente pequenos para o
trabalhador que adere à CLT.
"Em algum momento, esse
crescimento vai parar. Vai continuar, mas com menos intensidade. É possível que estejamos chegando a esse ponto de
estabilização", afirmou.
Dois fatores que poderiam
alterar a tendência, segundo
Camargo, seriam a nova Lei Geral das Micros, ainda em análise no Senado, e a disseminação
do crédito consignado em folha
de pagamento, que pode estimular trabalhadores hoje contratados como pessoas jurídicas a buscarem a assinatura da
carteira de trabalho.
Para o diretor de Relações do
Trabalho da CNI (Confederação Nacional da Indústria), Dagoberto Godoy, o tímido aumento de novos postos de trabalho turva o diagnóstico de esgotamento de parte da indústria. "Isso representa falta de
condições de desenvolvimento
da indústria de transformação,
mascarado pelo crescimento
localizado de alguns setores
voltados para a exportação",
disse Godoy.
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