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Bolívia diz que não se "dobrará" à Petrobras
Ministro dos Hidrocarbonetos garante que resolução que confisca receitas da estatal no país será colocada em prática
Villegas afirmou que, se as empresas petrolíferas não assinarem novos contratos até o dia 28 de outubro, terão que deixar o país
DA REDAÇÃO
Considerado mais moderado
que seu antecessor, o ministro
dos Hidrocarbonetos da Bolívia, Carlos Villegas, deu sinais
de que não haverá mudanças
no processo de nacionalização.
Ele afirmou ontem que foi
"congelada" a resolução da semana passada que confiscava
as receitas das duas refinarias
da Petrobras no país, mas disse
que ela "será aplicada". Segundo o ministro, que substituiu
Andrés Soliz Rada, a estatal
brasileira "não dobrará" o governo boliviano nas negociações. Ele não deu o prazo para
que a medida entre em vigor.
"A decisão fundamental foi
congelar, não anular, colocá-las
entre parênteses, para criar
condições auspiciosas com a
Petrobras", disse em La Paz.
"Com o Brasil vamos iniciar
uma negociação que tem que
dar os resultados que o povo da
Bolívia espera. Não haverá
pontos intermediários nessa
postura, preços e volumes devem realmente beneficiar o
conjunto do país."
Para ele, o acordo realizado
com a Argentina, que garantiu
um aumento de mais de 60%
para o gás boliviano, facilita as
negociações com o governo
brasileiro. "[Portanto] temos
um cenário extremamente favorável para a negociação e a
assinatura dos contratos."
Faltando cerca de 40 dias para que termine o prazo para que
as empresas se adaptem ao decreto que instituiu a nacionalização de gás e petróleo, Villegas
disse que não haverá mudanças
na data. O ministro falou que as
empresas que não assinarem os
novos contratos até 28 de outubro não poderão continuar
operando no país. Segundo especialistas, essa data é impraticável para que todas as mudanças sejam colocadas em prática.
Caso as companhias "se neguem a acatar ou impeçam o
cumprimento" do decreto, ele
disse que a estatal boliviana
YPFB assumirá o controle dos
campos petrolíferos dessas empresas "para garantir a continuidade da produção". "A filosofia do processo de nacionalização se manteve, se mantém e
se manterá. Seremos inflexíveis no cumprimento de seu
conteúdo. Exigiremos respeito", acrescentou.
O novo capítulo da crise entre Bolívia e Brasil e que provocou a troca de ministros teve
início na última terça-feira. Na
ocasião, Soliz Rada assinou
uma resolução ministerial que
transformava as refinarias da
Petrobras -responsáveis por
praticamente todo o abastecimento interno de combustíveis- em meras prestadoras de
serviço da YPFB e a acusou de
obter lucros ilegalmente. Dois
dias depois, a medida foi congelada pelo vice-presidente Álvaro García Linera depois que o
Brasil a classificou como "totalmente inviável".
Novas explicações
Soliz Rada, que inicialmente
dissera que deixara o cargo por
"motivos pessoais", afirmou
ontem que saiu do governo porque não quis anular a resolução. "Ela precisava ser derrubada por outra resolução ministerial e, no fundo da minha consciência, eu me falei: "Perdão,
mas não posso assinar essa resolução ministerial'", explicou.
Com agências internacionais
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