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Ipea prevê crescimento e inflação maiores no ano
Instituto eleva sua estimativa de expansão do PIB deste ano de 4,3% para 4,5%
Aumento da projeção para a alta de preços em 2007 foi mais acentuado; passou de 3,4% para 4%, por causa
da pressão dos alimentos
JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO
A economia deve crescer um
pouco mais neste ano, mas o
consumidor deverá enfrentar
preços mais altos, principalmente de alimentos. Esse é o
cenário previsto no último Boletim de Conjuntura do Ipea
(Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), órgão ligado à
Secretaria de Planejamento de
Longo Prazo.
O instituto revisou sua projeção do PIB (Produto Interno
Bruto) de 4,3% para 4,5%. Segundo Fabio Giambiagi, coordenador do Grupo de Acompanhamento Conjuntural, a revisão foi motivada pelos resultados do PIB no segundo trimestre, com destaque para indústria, consumo das famílias e investimento. O FMI (Fundo
Monetário Internacional) também elevou sua projeção para o
PIB brasileiro (leia à pág. B8).
O instituto elevou sua estimativa para a indústria de 4,3%
para 4,8%. A previsão de consumo das famílias passou de 5,7%
para 6,2%, e a do investimento,
de 9,0% para 10,0%.
Segundo Giambiagi, o investimento poderia se aproximar
dos 11% caso não tivesse sido
deflagrada a crise nos mercados financeiros. Apesar disso,
estima que, de 2004 a 2008, o
país acumule um ciclo de expansão dos investimentos da
ordem de 8% ao ano.
"É razoável concluir que, se
os problemas da economia internacional não suscitarem
uma crise de graves proporções, o país poderá dar continuidade ao ciclo expansivo iniciado em 2004, conservando
uma taxa de crescimento robusta também no ano de 2008",
afirma o boletim.
Apesar do crescimento, a
projeção ainda é inferior à do
Banco Central, que espera uma
alta de 4,7%. O Ipea afirma que,
caso a agropecuária dê sinais de
recuperação no segundo semestre, a expansão da economia poderá ser maior. Com os
resultados do PIB abaixo das
expectativas, a projeção para a
agropecuária foi reduzida de
4,5% para 3,0%.
Inflação
O instituto elevou sua projeção de alta da inflação de 3,4%
para 4% em razão da pressão
dos alimentos. Segundo Giambiagi, esse é um problema não
apenas do Brasil mas de diversos outros países, como Colômbia, Argentina e EUA. A taxa
acumulada em 12 meses dos
alimentos é de 9,3%.
Para o economista, os alimentos estão fechando um ciclo em que contribuíram para
manter a inflação sob controle,
no caso do Brasil, e começando
a atrapalhar o desempenho dos
índices de preços. Resta saber a
intensidade do novo movimento. "Isso é mudança de preços
relativos ou estamos na presença de um fenômeno de longa
duração?", questiona.
No pior cenário, estaríamos
assistindo ao início de um processo de longo prazo de inflação mundial em alta com pressões de milhões de novos consumidores de China e Índia.
Diante do cenário de alimentos em alta, Giambiagi estima
que o Banco Central só faça
mais um corte neste ano, de
0,25 ponto percentual, na taxa
básica de juros, atualmente em
11,25% ao ano. Depois disso, a
taxa deverá se manter até meados do ano que vem, quando
voltariam a existir condições
para uma retomada do processo de redução dos juros. O cenário mais confortável para o
BC incluiria um patamar menor de preços de alimentos e de
juros nos Estados Unidos.
"O importante é que o BC aja
no sentido de manter as condições para o dinamismo da economia e ao mesmo tempo
transmita à sociedade a mensagem de que continuará vigilante, controlando os preços."
O Ipea estima que a Selic média do último trimestre será de
11,1% e o câmbio do último trimestre fique em R$ 1,95. Caso
se confirmem as projeções do
instituto, o país atingirá em
2008 a menor taxa de juros
reais (6,2%) desde o Plano Real,
com exceção do ano de 2002,
quando os juros reais foram
afetados pelo salto da inflação
diante da crise de confiança
com as eleições presidenciais.
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