São Paulo, quarta-feira, 19 de setembro de 2007

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Alta de alimentos já afeta vendas de supermercados

Pesquisa do IBGE aponta desaceleração no ritmo das vendas do setor em julho

Vendas do varejo cresceram 9,2% em julho em relação ao mesmo mês do ano passado, contra expansão de 11,3% no mês anterior

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

Após um primeiro semestre de forte aquecimento, as vendas do varejo, em volume, cresceram 9,2% em julho, mas já começam a dar sinais de desaceleração. A tendência foi puxada pelo setor de hiper e supermercados, que sofre os efeitos negativos da alta dos preços dos alimentos, revela a Pesquisa Mensal de Comércio, divulgada ontem pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Em junho, as vendas haviam subido 11,3% e encerraram o primeiro semestre com alta de 9,9%. No acumulado de janeiro a julho, a expansão ficou em 9,7%. Na taxa livre de influências sazonais, o crescimento do comércio foi de 0,5% de junho para julho.
Segundo Reinaldo Pereira, economista da Coordenação de Serviços e Comércio do IBGE, o repique de preços dos alimentos já afeta o desempenho do setor de hiper e supermercados e demais lojas de alimentos e bebidas. O ritmo de expansão das vendas desse ramo caiu de 8,2% em junho para 4,6% em julho.
"O aumento dos alimentos pode ter contribuído para uma desaceleração das vendas", disse Pereira.
Outros fatores negativos foram a acomodação da taxa de desemprego e a perda de fôlego do rendimento e da massa salarial em julho, segundo o IBGE.
De janeiro a julho, os alimentos subiram 5,28% -acima do IPCA no período (2,32%). Em agosto, a tendência se amplificou e a alta do grupo alimentação e bebidas chegou a 1,59% num único mês.
"Não há dúvida de que o setor de supermercados sofre o reflexo da alta de preços dos alimentos. O orçamento das famílias está apertado até pelo fato de a massa real de salários ter se desacelerado", disse Carlos Thadeu de Freitas, economista da CNC (Confederação Nacional do Comércio).
Para Freitas, o comércio vive um segundo semestre pior, mas deve fechar o ano ainda com um crescimento significativo -em torno de 8,5%. Se confirmada, será a melhor marca desde 2004 (9,3%).
"Se o comércio parar de crescer, já tem assegurado hoje um incremento nas vendas de 8,2%, o que é ainda uma taxa muito elevada", diz Freitas.
De acordo com o economista da CNC, a decisão do Federal Reserve de baixar os juros nos Estados Unidos deve influenciar positivamente o setor. É que a redução tem impacto na taxa de câmbio brasileira, que tende a retomar uma trajetória de queda. "O dólar mais barato é bom para o comércio. Neste ano, será o Natal dos importados", afirmou.
A grande incógnita, avalia, é a pressão dos alimentos, que preocupa economistas em escala mundial por causa da extensão do choque. Novos aumentos serão ruins para o varejo, pondera.
A decisão do Banco Central quanto à continuidade da política de corte de juros também deve repercutir no comércio. "A redução dos juros nos EUA é positiva e indica que o BC exagerou na ata do Copom. A economia não está muito aquecida e, com a queda esperada do câmbio, há espaço para novos cortes da Selic", afirmou.

Crédito
Mais uma vez, o crédito (especialmente o alongamento dos prazos) favoreceu o varejo. Em julho, as vendas de móveis e eletrodomésticos lideram com alta de 18,2% na comparação com igual mês de 2006. Até o ramo de vestuário e calçados tem se beneficiado, com expansão de 10,4%.


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