São Paulo, sexta-feira, 19 de setembro de 2008

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Mercado Aberto

GUILHERME BARROS - guilherme.barros@uol.com.br

Para Nathan Blanche, BC agiu corretamente

O Banco Central decidiu ontem vender dólares por não ter muitas alternativas. Desde segunda-feira, as linhas internacionais de crédito secaram totalmente e os bancos brasileiros também foram obrigados a restringir os empréstimos de uma forma severa. A freada tinha afetado inclusive a oferta de crédito para o capital de giro das empresas.
A decisão do Banco Central foi tomada após chegar à conclusão de que era preciso dar uma solução rápida para o problema da restrição de crédito. Numa crise financeira, as decisões têm de ser tomadas em tempo rápido.
A alternativa do BNDES de ampliar os financiamentos, que será adotada pelo governo, leva muito tempo. O BNDES possui uma burocracia que impede a aprovação rápida dos empréstimos.
Em 2002, quando o Brasil viveu uma crise cambial provocada pela eleição presidencial, o Banco Central também tomou a mesma iniciativa. A torneira do crédito fechou e o Banco Central usou uma parte das reservas para irrigar o sistema financeiro.
Uma parte do governo tem consciência de que o mundo está passando hoje por uma crise sistêmica que só tem paralelo com o crash de 1929 e ninguém sabe qual será a extensão desse terremoto.
Na opinião de integrantes da equipe econômica, a idéia do governo dos Estados Unidos de adquirir os títulos podres do mercado parece inevitável e pode dar um alívio significativo para a crise, mas a turbulência não vai acabar.
Espectador privilegiado de todas as crises econômicas vividas pelo Brasil desde a década de 1970, o empresário Nathan Blanche, sócio da Tendências Consultoria, considera esta a maior que já assistiu. "Nesses volumes, essa crise é inédita", afirma.
Blanche diz que foi correta a decisão tomada pelo Banco Central de usar a reserva para compensar a restrição de crédito externo. Segundo ele, a freada no crédito iria afetar as exportações brasileiras e deteriorar as expectativas da balança comercial para o ano que vem.
Além disso, de acordo com Blanche, de nada adianta ter um colchão de reservas de US$ 206 bilhões se não puder usá-lo em momentos como o atual.
Nathan Blanche acredita que o país tem todas as condições de se sair bem dessa crise, desde que as autoridades econômicas não façam bobagens.
"A nossa situação hoje, no Brasil, está muito melhor do que nas outras crises, mas o governo não pode descuidar e falar bobagens", afirma o economista.
Mas que bobagens? "Dizer, por exemplo, que o país está blindado ou defender a criação do fundo soberano."

DOU-LHE UMA
As casas de leilões devem começar a ser inundadas com obras de acervos de grandes bancos em breve. A coleção de arte do Lehman Brothers, que tem mais de 3.500 obras espalhadas pelo mundo, já está cobiçada. Segundo a Bloomberg, especialistas em mercado de arte afirmam que, em pouco tempo, o acervo da instituição deve tomar o rumo dos leilões. Na coleção do banqueiro Robert Lehman há nomes como Goya, El Greco, Ingres, Van Gogh, Gauguin e outros. O Museu Metropolitan de Nova York tem uma ala especial para as peças de Lehman.

Cai intenção de compra de carro e material de construção

A intenção de compra de automóveis, eletroeletrônicos, eletroportáteis, de materiais de construção e de produtos de cama, mesa e banho caiu no terceiro trimestre deste ano em relação ao segundo, mostra pesquisa do Programa de Administração de Varejo, da Fundação Instituto Administração, e da Felisoni & Associados.
Dos 10 produtos pesquisados, 5 tiveram aumento no índice de intenção de compra no período. Os produtos em que os consumidores estão mais interessados foram linha branca, móveis, informática, cine e foto e telefonia e celulares.
Claudio Felisoni de Angelo, coordenador do programa, afirma que a pesquisa reflete as expectativas menos otimistas do consumidor em relação a emprego, inflação e taxa de juros.
"Esses produtos que tiveram queda na intenção de compra são influenciados pelo câmbio, pelo juros -dos quais dependem os financiamentos-, e pela renda real. Há expectativa de renda real menor em razão da inflação maior esperada para este ano", diz Angelo.

DE MUDANÇA
Gilberto Caldat, vice-presidente do Citigroup no Brasil para a área de varejo, está de saída. Já tirou o passaporte para uma administradora de cartão de crédito.

DIÁRIA
A Argentina foi o destino internacional mais escolhido pelos brasileiros que utilizam os serviços do Cli- ckhoteis, central de reservas on-line, no período entre janeiro e agosto deste ano. Em seguida, estão as viagens para o Chile, os Estados Unidos e o Uruguai.

COFRE
A Prosegur Brasil investe R$ 12 milhões para construir a tesouraria da empresa em São Cristóvão, no Rio. É a maior tesouraria da multinacional no mundo.

CAUBÓI
O consumo de uísque foi 1,27% maior de dezembro de 2007 a julho deste ano ante os mesmos meses de 2006/ 2007, segundo a Nielsen. O valor das vendas foi 5% mais elevado no período.

PARCERIA
A holding LDI, por meio de sua subsidiária Lindencorp Incorporadora, fechou uma joint venture com o fundo norte-americano de investimentos imobiliários Golden Tree InSite Partners. O aporte inicial previsto é de R$ 400 milhões, que deve ser usado para o lançamento de incorporações imobiliárias nos próximos cinco anos. Entre as áreas de atuação da holding, estão loteamentos e imóveis de médio e alto padrão.

NO MAPA
A consultoria imobiliária Binswanger Brasil faz parceria com a Urban Systems Brasil para oferecer aos clientes mapas com informações estatísticas. O sistema é capaz de identificar perfil de renda e faixa etária nas regiões, o que ajuda a precificar os imóveis.

MIRA
A marca de óculos LupaLupa começa a se expandir por meio de franquias. O objetivo é passar dos atuais 21 pontos-de-venda no país para 60 até o fim deste ano.

com JOANA CUNHA e VERENA FORNETTI


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