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Injeções de BCs chegam a US$ 500 bi na semana
Nova ação coordenada coloca mais US$ 180 bi no sistema financeiro global
Fed disponibilizou recursos
para que os demais
BCs pudessem suprir a
carência de recursos
dos bancos comerciais
MARCELO NINIO
DE GENEBRA
Uma ação coordenada dos
seis maiores bancos centrais do
mundo injetou ontem mais
uma dose bilionária de recursos no sistema financeiro, mas
o objetivo de acalmar os mercados foi atingido apenas parcialmente, em meio a fortes oscilações nas Bolsas de Valores.
Numa tentativa de amenizar
a crise de liquidez agravada pela quebra do banco americano
Lehman Brothers, o Federal
Reserve (BC dos EUA) disponibilizou US$ 180 bilhões a cinco
instituições estrangeiras, o BoJ
(Banco Central do Japão), o
BCE (Banco Central Europeu),
o BoE (Reino Unido), o SNB
(Suíça) e o Banco do Canadá.
Com a operação de ontem, já
passa de US$ 500 bilhões o volume de recursos injetados pelos BCs desde segunda-feira no
sistema internacional.
Em um comunicado divulgado às 3h de Nova York (4h de
Brasília), para coincidir com a
abertura dos mercados europeus, o Fed anunciou a injeção
dos recursos por meio de acordos de troca recíproca (swap)
com os cinco BCs. Um acordo
"swap" permite a dois bancos
centrais emprestar liquidez a
curto prazo, quando um deles
precisa estabilizar o sistema financeiro. Nesse caso, o objetivo
do Fed foi disponibilizar recursos para que os demais BCs
possam suprir a carência de recursos dos bancos comerciais.
"Essas medidas, juntamente
com outras ações tomadas individualmente nos últimos dias
por bancos centrais, têm o objetivo de melhorar a liquidez
dos mercados financeiros globais", disse o comunicado do
Fed. "Os bancos centrais continuam a trabalhar em conjunto
e darão os passos necessários
para lidar com a atual pressão."
Apesar da ação coordenada
dos BCs, os mercados continuavam ontem sob intensa
pressão, com o aumento do
custo de empréstimos por períodos superiores a alguns dias.
Diante disso, manteve-se a expectativa de que novas operações de injeção de liquidez
ocorram nos próximos dias.
"Os BCs não tinham alternativa a não ser injetar dinheiro
no mercado, já que os bancos
pararam de fazer empréstimos", disse à Folha Willem
Buiter, professor da London
School of Economics.
O anúncio do Fed fez com
que as principais Bolsas da Europa esboçassem uma recuperação na abertura, mas o movimento logo se inverteu e a
maioria fechou no vermelho
pelo quarto pregão consecutivo. Houve queda de 1,06% em
Paris, de 0,66% em Londres e
de 1,48% em Milão.
A confirmação de que o
Lloyds fechou a compra do
problemático HBOS (Halifax
Bank Of Scotland), maior financiador de hipotecas do Reino Unido, por US$ 22,1 bilhões,
foi um alívio para o mercado.
Numa decisão sem precedentes, a agência reguladora
britânica (FSA, na sigla em inglês) proibiu até janeiro de
2009 a prática das vendas a
descoberto ("short selling")
-tomar um ativo emprestado e
vendê-lo no mercado, na expectativa de recomprá-lo mais
tarde a um preço inferior ao da
venda e devolvê-lo ao proprietário. A queda das ações do
HBOS, que em menos de uma
semana perdeu 50% do seu valor, é atribuída ao grande volume de vendas a descoberto.
Ajuda ao Fed
O Departamento do Tesouro
americano realizou mais um
leilão de títulos públicos para
ajudar o Fed a reunir os recursos empregados nas operações
de salvamento de instituições
financeiras em dificuldades.
Depois de arrecadar US$ 40 bilhões na quarta-feira, vendeu,
ontem, mais US$ 60 bilhões e
anunciou outro leilão de US$
60 bilhões hoje e um de US$ 40
bilhões na próxima quarta.
Nos últimos dias, o rendimento dos papéis públicos, que
cai conforme a demanda, recuou. O retorno do que vence
em três meses passou de 1,6%
ao ano na semana passada para
0,04% na quarta-feira. Mas,
com os rumores de que o governo estuda criar uma nova agência para comprar e tirar de circulação os papéis lastreados em
hipotecas, eles se recuperaram
um pouco ontem e fecharam a
com retorno de 0,07% ao ano.
Colaborou DENYSE GODOY ,
da Reportagem Local
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