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Dólar ameaça ano "perfeito" de importador
Súbita desvalorização do real preocupa empresas e leva setor a revisar para baixo projeções de crescimento das vendas
Compra de automóveis de outros países poderia crescer 160% em 2008; com novo câmbio e freio no crédito, setor refaz as contas
AGNALDO BRITO
DA REPORTAGEM LOCAL
A esperança dos importadores de encerrar o ano de 2008
de forma triunfal pode ruir.
Mas, segundo as importadoras,
o ano que poderia ser excepcional ainda pode ser bom. Isso se
a situação cambial e a oferta de
crédito não piorar mais, algo
ainda imprevisível. A súbita
elevação do dólar, que nos 18
dias de setembro subiu 18%, reduziu as previsões de crescimento das vendas de importados e levou empresas a reavaliar o volume de encomendas
para o fim do ano.
"Esses próximos quatro meses definitivamente não serão
como foi o ano até agora. Qual o
impacto? Ainda não dá para saber, mas seguramente haverá
impacto", disse Henning Dornbusch, presidente da BMW no
Brasil e da Abeiva (Associação
Brasileira das Empresas Importadoras de Veículos Automotivos). Ele lembra que a taxa
de câmbio não é o único problema, mas as condições gerais de
financiamento.
O Banco do Brasil, maior financiador das importações e
exportações brasileiras, já adotou restrições ao financiamento. Segundo Nilo José Pamazzolo, diretor de comércio exterior, o Banco do Brasil restringiu os prazos e os montantes de
crédito aos importadores e exportadores. As metas para o financiamento da importação
eram as mesmas do ano passado: US$ 4 bilhões.
"Até agora, tínhamos essa
meta, mas dada as restrições
existentes agora, podemos ficar
abaixo disso", afirmou.
O mesmo vai ocorrer com as
exportações, prevê, cuja média
mensal de crédito chega a US$
1,3 bilhão.
"A situação é preocupante,
mas acho que os importadores
de alimentos e bebidas devem
esperar alguns dias para tomar
a decisão definitiva sobre os
planos para o fim do ano", disse
Sidnei Bratt, vice-presidente
da área de alimentos da ABBA
(Associação Brasileira dos Exportadores e Importadores de
Bebidas e Alimentos).
Os efeitos serão fortes se o
dólar suplantar a barreira de R$
1,80 por muito tempo. "Nesse
caso, haverá reajustes. Por enquanto, a alta do dólar pode ser
absorvida pelo importador. Temos uma gordura para queimar. Quando o dólar caiu não
houve queda de preços", disse.
A expectativa era a de que a
importação de alimentos neste
ano fosse 30% superior a de
2007, mas a previsão será revista para baixo. O setor lamenta a
mudança do cenário ante a
perspectiva de que o ano seria o
melhor de todos os tempos.
Essa também era a situação
dos importadores de automóveis. O ritmo de crescimento
das vendas de veículos em neste ano era de impressionantes
160%. No ano passado, as 12 associadas da Abeiva, trouxeram
para o país 12 mil unidades. A
previsão para este ano, antes
dos solavancos da taxa de câmbio, era a importação de 32 mil
veículos.
A combinação de quatro fatores (dólar fraco, demanda reprimida, crédito facilitado e juros baixos) turbinou a venda de
importados.
De acordo com a Abeiva, a alta dos juros e do dólar, além da
redução dos prazos (de 82 para
48 meses), vai afetar as vendas.
Em agosto, as vendas estacionaram em 3.969 unidades,
avanço de apenas 0,51% em relação ao mês anterior. A taxa de
crescimento mensal era de pelo
menos 15%.
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