São Paulo, sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Dólar ameaça ano "perfeito" de importador

Súbita desvalorização do real preocupa empresas e leva setor a revisar para baixo projeções de crescimento das vendas

Compra de automóveis de outros países poderia crescer 160% em 2008; com novo câmbio e freio no crédito, setor refaz as contas

AGNALDO BRITO
DA REPORTAGEM LOCAL

A esperança dos importadores de encerrar o ano de 2008 de forma triunfal pode ruir. Mas, segundo as importadoras, o ano que poderia ser excepcional ainda pode ser bom. Isso se a situação cambial e a oferta de crédito não piorar mais, algo ainda imprevisível. A súbita elevação do dólar, que nos 18 dias de setembro subiu 18%, reduziu as previsões de crescimento das vendas de importados e levou empresas a reavaliar o volume de encomendas para o fim do ano.
"Esses próximos quatro meses definitivamente não serão como foi o ano até agora. Qual o impacto? Ainda não dá para saber, mas seguramente haverá impacto", disse Henning Dornbusch, presidente da BMW no Brasil e da Abeiva (Associação Brasileira das Empresas Importadoras de Veículos Automotivos). Ele lembra que a taxa de câmbio não é o único problema, mas as condições gerais de financiamento.
O Banco do Brasil, maior financiador das importações e exportações brasileiras, já adotou restrições ao financiamento. Segundo Nilo José Pamazzolo, diretor de comércio exterior, o Banco do Brasil restringiu os prazos e os montantes de crédito aos importadores e exportadores. As metas para o financiamento da importação eram as mesmas do ano passado: US$ 4 bilhões.
"Até agora, tínhamos essa meta, mas dada as restrições existentes agora, podemos ficar abaixo disso", afirmou.
O mesmo vai ocorrer com as exportações, prevê, cuja média mensal de crédito chega a US$ 1,3 bilhão.
"A situação é preocupante, mas acho que os importadores de alimentos e bebidas devem esperar alguns dias para tomar a decisão definitiva sobre os planos para o fim do ano", disse Sidnei Bratt, vice-presidente da área de alimentos da ABBA (Associação Brasileira dos Exportadores e Importadores de Bebidas e Alimentos).
Os efeitos serão fortes se o dólar suplantar a barreira de R$ 1,80 por muito tempo. "Nesse caso, haverá reajustes. Por enquanto, a alta do dólar pode ser absorvida pelo importador. Temos uma gordura para queimar. Quando o dólar caiu não houve queda de preços", disse.
A expectativa era a de que a importação de alimentos neste ano fosse 30% superior a de 2007, mas a previsão será revista para baixo. O setor lamenta a mudança do cenário ante a perspectiva de que o ano seria o melhor de todos os tempos.
Essa também era a situação dos importadores de automóveis. O ritmo de crescimento das vendas de veículos em neste ano era de impressionantes 160%. No ano passado, as 12 associadas da Abeiva, trouxeram para o país 12 mil unidades. A previsão para este ano, antes dos solavancos da taxa de câmbio, era a importação de 32 mil veículos.
A combinação de quatro fatores (dólar fraco, demanda reprimida, crédito facilitado e juros baixos) turbinou a venda de importados.
De acordo com a Abeiva, a alta dos juros e do dólar, além da redução dos prazos (de 82 para 48 meses), vai afetar as vendas. Em agosto, as vendas estacionaram em 3.969 unidades, avanço de apenas 0,51% em relação ao mês anterior. A taxa de crescimento mensal era de pelo menos 15%.


Texto Anterior: Frases
Próximo Texto: Exportador lista sugestões para estimular vendas
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.