São Paulo, sexta-feira, 19 de setembro de 2008

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Exportações podem ser afetadas por crise, diz ministro

IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro do Desenvolvimento, Miguel Jorge, avaliou ontem que a desaceleração da economia norte-americana poderá atingir as exportações brasileiras, mas os prejuízos talvez sejam compensados pela alta do dólar, que barateia os produtos brasileiros lá fora.
"Vocês sempre têm perguntado se essa crise pode reduzir as exportações. Achamos que pode", disse o ministro.
Jorge concedeu entrevista após o lançamento do programa de drawback (isenção de imposto) verde-amarelo. A medida prevê suspensão de IPI, PIS e Cofins para os insumos produzidos no país quando forem utilizados na fabricação de máquinas para a exportação.
Segundo o ministro, "uma eventual recessão americana pode ter efeitos secundários que poderiam atingir as exportações brasileiras e no fim vão ser compensados pelo aumento do dólar, como foi compensada num determinado momento pelo aumento dos preços das commodities".
A crise norte-americana foi causada pelo estouro da bolha especulativa no mercado imobiliário, que contaminou boa parte do sistema financeiro dos EUA. A crise se agravou nesta semana com a falência do Lehman Brothers, quarto maior banco do país, e a dificuldade de obtenção de crédito.
Diante da incerteza, investidores procuram refúgio no dólar, elevando a cotação.
A turbulência nos mercados internacionais poderia levar a uma retração econômica global, reduzindo o consumo em outros países. Esse seria o efeito que prejudicaria as vendas externas do Brasil. Analistas de mercado acreditam que isso reduziria o superávit comercial brasileiro. O ministro do Desenvolvimento discorda.
"Não acredito em analistas. (...) Falar que teremos um superávit comercial de [US$] 4 bilhões no ano que vem é absoluta irresponsabilidade, não acredito nesta análise", afirmou.
O governo não possui meta oficial para o superávit da balança comercial, mas Jorge estima saldo em torno de US$ 22 bilhões em 2008. Já a projeção para as exportações, fixada em US$ 190 bilhões para este ano, será revista nos próximos dias. "Espero que chegue no mínimo a US$ 200 bilhões", disse Jorge.
Para o secretário de Comércio Exterior, Welber Barral, os mercados assistem hoje a uma "reacomodação" dos preços das commodities. Lembrou que, apesar da queda, os valores ainda são mais altos do que em setembro do ano passado, com exceção do suco de laranja.
Para 2009, Barral ressaltou preocupação com commodities metálicas e prevê eventual redução de exportações de bens de consumo e de luxo. O comércio com os EUA não deve sofrer baque muito grande porque a maior parte das operações é entre subsidiárias no Brasil e matrizes norte-americanas.

Drawback verde-amarelo
O novo drawback verde-amarelo entrará em vigor no dia 1º de outubro, segundo a secretária da Receita Federal, Lina Vieira. No ano passado, 2.283 empresas utilizaram o mecanismo para importar insumos sem pagar imposto. A estimativa do governo é de que esse número suba para 5 mil empresas com o regime verde-amarelo. "Vai reduzir o custo Brasil e dar mais competitividade às empresas nacionais", disse a secretária.
O drawback beneficia hoje US$ 45 bilhões em exportações e abrange US$ 10 bilhões em importações.


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