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Exportações podem ser afetadas por crise, diz ministro
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro do Desenvolvimento, Miguel Jorge, avaliou
ontem que a desaceleração da
economia norte-americana poderá atingir as exportações brasileiras, mas os prejuízos talvez
sejam compensados pela alta
do dólar, que barateia os produtos brasileiros lá fora.
"Vocês sempre têm perguntado se essa crise pode reduzir
as exportações. Achamos que
pode", disse o ministro.
Jorge concedeu entrevista
após o lançamento do programa de drawback (isenção de
imposto) verde-amarelo. A medida prevê suspensão de IPI,
PIS e Cofins para os insumos
produzidos no país quando forem utilizados na fabricação de
máquinas para a exportação.
Segundo o ministro, "uma
eventual recessão americana
pode ter efeitos secundários
que poderiam atingir as exportações brasileiras e no fim vão
ser compensados pelo aumento do dólar, como foi compensada num determinado momento pelo aumento dos preços das commodities".
A crise norte-americana foi
causada pelo estouro da bolha
especulativa no mercado imobiliário, que contaminou boa
parte do sistema financeiro dos
EUA. A crise se agravou nesta
semana com a falência do Lehman Brothers, quarto maior
banco do país, e a dificuldade de
obtenção de crédito.
Diante da incerteza, investidores procuram refúgio no dólar, elevando a cotação.
A turbulência nos mercados
internacionais poderia levar a
uma retração econômica global, reduzindo o consumo em
outros países. Esse seria o efeito que prejudicaria as vendas
externas do Brasil. Analistas de
mercado acreditam que isso reduziria o superávit comercial
brasileiro. O ministro do Desenvolvimento discorda.
"Não acredito em analistas.
(...) Falar que teremos um superávit comercial de [US$] 4 bilhões no ano que vem é absoluta irresponsabilidade, não acredito nesta análise", afirmou.
O governo não possui meta
oficial para o superávit da balança comercial, mas Jorge estima saldo em torno de US$ 22
bilhões em 2008. Já a projeção
para as exportações, fixada em
US$ 190 bilhões para este ano,
será revista nos próximos dias.
"Espero que chegue no mínimo
a US$ 200 bilhões", disse Jorge.
Para o secretário de Comércio Exterior, Welber Barral, os
mercados assistem hoje a uma
"reacomodação" dos preços das
commodities. Lembrou que,
apesar da queda, os valores ainda são mais altos do que em setembro do ano passado, com
exceção do suco de laranja.
Para 2009, Barral ressaltou
preocupação com commodities
metálicas e prevê eventual redução de exportações de bens
de consumo e de luxo. O comércio com os EUA não deve sofrer
baque muito grande porque a
maior parte das operações é entre subsidiárias no Brasil e matrizes norte-americanas.
Drawback verde-amarelo
O novo drawback verde-amarelo entrará em vigor no
dia 1º de outubro, segundo a secretária da Receita Federal, Lina Vieira. No ano passado,
2.283 empresas utilizaram o
mecanismo para importar insumos sem pagar imposto. A
estimativa do governo é de que
esse número suba para 5 mil
empresas com o regime verde-amarelo. "Vai reduzir o custo
Brasil e dar mais competitividade às empresas nacionais",
disse a secretária.
O drawback beneficia hoje
US$ 45 bilhões em exportações
e abrange US$ 10 bilhões em
importações.
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