São Paulo, sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

BNDES diz que garantirá crédito para empresas

ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO

O presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Luciano Coutinho, disse que o banco dará crédito às empresas que estão, temporariamente, sem acesso a financiamento internacional por causa da crise. Em razão da demanda inesperada, ele prevê um aumento de R$ 5 bilhões, ou mais, nos desembolsos do BNDES deste ano, que estavam previstos em R$ 80 bilhões. Disse que a ""tormenta" global encontrou o banco em boa situação, capitalizado e com liquidez. Lembrou que a instituição obteve empréstimo de R$ 15 bilhões do Tesouro Nacional e negocia a obtenção de R$ 7 bilhões junto ao FGTS.
Ele afirmou que o banco captou US$ 1 bilhão no mercado internacional, no primeiro semestre, e não cogita buscar recursos no exterior nesse momento. ""O problema é custo. Não queremos pegar dinheiro caro sem necessidade. Estamos no ápice de uma crise de aversão ao risco no sistema global."
O BNDES foi orientado pelo presidente Lula a suprir as necessidades das empresas que contavam com a obtenção de recursos externos para investimento no Brasil. ""O mercado internacional encontra-se no auge do estresse. O crédito interbancário secou. O lançamento de debêntures ficará muito difícil. Com os canais de financiamento transitoriamente obstruídos, as diferenças poderão ser acomodadas e supridas pelo banco", disse.
O banco informou ontem que fechou o mês de agosto com volume recorde de desembolso no acumulado de 12 meses: R$ 81 bilhões. Nos 12 meses anteriores, de setembro de 2006 a agosto de 2007, foram desembolsados R$ 61 bilhões. Também é recorde o volume de projetos aprovados (fase que antecede o desembolso): R$ 111 bilhões, contra R$ 99 bilhões registrados de setembro de 2006 a agosto de 2007.
Para Coutinho, o Brasil pode até sair fortalecido da crise global, porque a economia vive um ciclo de investimento firme, assentado em quatro fatores de propulsão: investimentos em infra-estrutura de alto retorno e baixo risco de demanda; potencial de crescimento do mercado interno, sobretudo de bens de consumo durável e construção civil; exportação de commodities (agronegócio, mineração e siderurgia) e o pré-sal, que exigirá grandes investimentos na cadeia produtiva para atender à indústria de petróleo e gás.
Pelos dados divulgados, os desembolsos do BNDES para projetos de infra-estrutura cresceram 70% nos últimos 12 meses, comparando-se com os 12 meses anteriores. Passou de R$ 19,83 bilhões para R$ 33,7 bilhões. Para investimentos em transporte terrestre (ferrovias e rodovias) foram liberados R$ 16 bilhões. Em contrapartida, os desembolsos para produção industrial ficaram praticamente estagnados.


Texto Anterior: Governo estuda cortes para ter investimento
Próximo Texto: Exportações podem ser afetadas por crise, diz ministro
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.