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Com crise, BC avalia diminuir ritmo de alta da taxa Selic
Ata do Copom mostra essa tendência, embora cenário de
aperto tenha prevalecido na mais recente reunião do órgão
No Comitê de Política
Monetária, 3 dos 8 diretores
votaram para que juros
básicos subissem 0,5 ponto
percentual em vez de 0,75
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O agravamento da crise mundial faz com que o Banco Central considere a possibilidade
de reduzir o ritmo de alta dos
juros, embora, por enquanto,
prevaleça o cenário de continuidade do aperto.
Na reunião do Copom (Comitê de Política Monetária do
BC) realizada na semana passada, 3 dos 8 diretotes do BC votaram por uma alta de 0,5 ponto
na taxa Selic, mas prevaleceu a
vontade da maioria, que optou
pela elevação de 0,75 ponto.
Ontem, foi divulgada a ata do
encontro, com mais alguns detalhes sobre a medida. Segundo
o texto, os diretores do BC que
votaram pelo aumento mais
modesto nos juros argumentaram que a desaceleração da
economia dos países desenvolvidos pode ser mais intensa do
que o imaginado inicialmente,
o que deve ajudar a reduzir a
pressão sobre a inflação.
"Desde a última reunião [em
julho], acumularam-se sinais
de acentuada deterioração da
atividade nas economias centrais, acarretando certa melhora nas perspectivas inflacionárias globais", diz o documento.
O texto se refere à avaliação
feita na quarta-feira passada,
quando o Copom decidiu elevar
a taxa Selic de 13% ao ano para
13,75%. Desde então, a situação
dos mercados financeiros se
agravou, com a quebra do Lehman Brothers e o socorro à seguradora AIG.
Ainda assim, o cenário descrito no texto permanece atual,
diz o economista-chefe do banco Schahin, Silvio Campos Neto. "A deterioração ocorrida
nos últimos dias reforça a idéia
de que o BC deve reduzir o ritmo de alta dos juros", afirma.
Para o economista, o BC deve
elevar a Selic em 0,5 ponto percentual na próxima reunião do
Copom, marcada para outubro,
e em mais 0,25 no encontro seguinte, em dezembro.
Giovanna Rocca, economista
do Unibanco, diz que as chances de que um agravamento da
crise leve a uma interrupção na
série de aumentos nos juros
existem, mas são pequenas.
Segundo as projeções do Unibanco, a Selic deve subir mais
0,5 ponto em cada uma das
duas reuniões do Copom previstas até o fim do ano, podendo
também continuar em alta no
primeiro encontro de 2009.
Esse cenário considera que,
apesar do cenário externo mais
turbulento, a economia brasileira deve sofrer pouco e continuar em expansão. Nesse caso,
prevalece a preocupação, expressa pelo BC, com o ritmo
desse crescimento.
O risco, nesse caso, seria o de
a economia crescer de forma
tão acelerada que as empresas
não sejam capazes de produzir
o suficiente para atender todo o
aumento do consumo.
Até agora, segundo a ata do
Copom, a maioria dos diretores
do BC considera que essa é a
maior ameaça à estabilidade
dos preços e que ainda não há
"melhora suficientemente convincente" no comportamento
da inflação que justifique o fim
da alta dos juros.
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