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bastidores
Escassez de crédito preocupa BC
SHEILA D'AMORIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A manutenção da atual escassez de linhas de crédito
no mercado internacional
por causa da crise no sistema
bancário dos Estados Unidos
aumentará a pressão sobre o
Banco Central para mudar a
atual política de alta dos juros e adotar medidas que reduzam o custo dos empréstimos para as empresas.
Isso porque o maior temor
do governo é que a crise externa aborte o ciclo de investimento do setor produtivo.
O assunto domina as discussões sobre os desdobramentos da crise esta semana.
A Folha apurou que, em
reunião da equipe econômica nos últimos dias, a queda
nos juros chegou a ser apontada como medida para evitar que projetos de expansão
da produção sejam engavetados, caso a crise se prolongue. Avalia-se que, com a
persistência desse cenário
que os economistas chamam
de "empoçamento de liquidez" (os dólares injetados na
economia pelos maiores
bancos centrais do mundo ficam retido nos bancos), as
altas taxas de juros praticados no Brasil terão um peso
maior para a economia.
Mas isso não é consenso e
ainda preocupa o BC, que
tem elevado os juros para
conter pressões nos índices
de inflação, originados pelo
aquecimento da economia.
Para o BC, a menos que o impacto da crise sobre o crescimento do país seja bem
maior do que o esperado, inverter o rumo dos juros seria
temeroso. Sobretudo, quando o real está se desvalorizando frente ao dólar e não
há certeza se a queda no preço das commodities e as vendas de moeda estrangeira serão suficientes para compensar o impacto dessa combinação na inflação.
O tema foi discutido em
reunião ontem do ministro
Guido Mantega (Fazenda),
sua equipe e três diretores
do BC. Mesmo os defensores
da tese, afirmam que é preciso esperar mais tempo para
avaliar o efeito que as medidas coordenadas pelo Fed, o
BC dos EUA, em conjunto
com os demais bancos centrais das economia desenvolvidas terão nos mercados.
Nos cálculos do governo,
como está numa situação
ainda confortável, o Brasil
tem, pelo menos, dois meses
para adotar medidas com repercussões tão fortes para
economia, como uma inversão na tendência dos juros.
A preocupação levantada
no governo após a quebra do
Lehman Brothers é que, como os bancos lá fora estão
receosos de renovar ou fazer
novas operações de empréstimos de longo prazo, por
causas das perdas ocorridas
e do risco de ter prejuízo, as
empresas daqui perderam
fonte importante e barata de
financiar investimentos. A
principal fonte, o BNDES,
está sobrecarregado com demandas por crédito acima de
seu orçamento. Mesmo com
reforço do governo dificilmente conseguirá atender às
necessidades das empresas.
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