São Paulo, sexta-feira, 19 de setembro de 2008

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Crise afeta marcas das instituições financeiras

Perdas somam US$ 10 bilhões, diz Interbrand

JULIO WIZIACK
DA REPORTAGEM LOCAL

A crise financeira deflagrada pelas hipotecas americanas está destruindo o valor das marcas de algumas instituições financeiras. Apenas até o final de 2007, quando já se anunciavam os primeiros sinais da crise que agora contamina outros países, essas marcas- americanas e estrangeiras- desvalorizaram-se em US$ 10 bilhões.
É o que revela o relatório "As melhores marcas globais de 2008" da consultoria Interbrand. Segundo ela, grupos como Citi, Merril Lynch, JPMorgan, Morgan Stanley, UBS e AIG estão entre os que mais perderam em valor de marca.
Vendido por US$ 50 bilhões para o Bank of America, o Merril Lynch foi o que teve pior resultado. Sua marca passou de US$ 14,3 bilhões para US$ 11,4 bilhões, queda de 21%. "Isso sem os efeitos da crise em 2008 que culminaram com a venda," diz Alejandro Pinedo, diretor-geral da Interbrand no Brasil.
Também afetada pela crise, a seguradora AIG perdeu 6,7%. O valor de sua marca passou de US$ 7,5 bilhões para US$ 7,0 bilhões. "Se o FED [banco central americano] não tivesse socorrido a seguradora [ele "injetará" US$ 85 bilhões passando a deter 79,9% de suas ações], provavelmente hoje a marca AIG estaria valendo nada."
Com tantos créditos podres na carteira, é natural que a marca de bancos e seguradoras sofram depreciações. "Numa grife de luxo, 90% do negócio é movido pela força da marca. É o caso da Louis Vuitton," diz Pinedo. Segundo ele, mesmo que ocorram problemas financeiros no meio do caminho, essas companhias conseguem atravessá-los. "Desde que não sejam, evidentemente, casos muito graves."
Para os bancos, essa média é de, no máximo, 40%." Ou seja, por mais sólida que seja a instituição, um problema financeiro já é capaz de derrubar sua marca, sua credibilidade no mercado e impactar negativamente os negócios futuros.

Coca-Cola na liderança
Na contramão das instituições financeiras, marcas tradicionais tiveram bom desempenho. A Coca-Cola ainda está no topo dessa lista, valendo US$ 66,7 bilhões, crescimento de 2% em relação a 2007. Segundo a Interbrand, a companhia está mudando a imagem de que vende um produto "nocivo à saúde". Devido a isso, entre 2003 e 2007, ela perdeu US$ 5,1 bilhões. Passou a reverter o resultado ao lançar a Coca Zero, comprar empresas que fabricam sucos naturais, isotônicos e água mineral.
Mesmo ocupando a 10ª posição, o Google chamou a atenção ao registrar crescimento de 43,5%. Desde 2005, quando entrou na lista da Interbrand, a companhia de tecnologia nunca cresceu menos de 40%. "Nesse ritmo, eles estarão no topo antes de 2010", estima Pinedo. Hoje, eles ocupam a décima posição e sua marca vale US$ 25,6 bilhões.


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