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Apesar de receita em queda, governo eleva gasto de novo
Mais R$ 5,6 bi são liberados para o Orçamento e podem atender à base aliada
Mudança coloca programa Minha Casa, Minha Vida como obra do PAC, cujos gastos já podiam ser abatidos de meta fiscal
Sergio Lima - 16.set.2009/Folha Imagem
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O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, que autorizou mais gastos do orçamento apesar de queda na receita da União
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Mesmo com a arrecadação de
impostos em queda e a dívida
pública em alta desde o agravamento da crise econômica global, o governo decidiu liberar
R$ 5,6 bilhões em gastos do Orçamento que estavam bloqueados desde o início do ano para
garantir o cumprimento das
metas fiscais da União.
O valor, suficiente para manter por dois anos o Senado, pode, por exemplo, ajudar o Planalto a atender as pressões dos
congressistas aliados por mais
despesas em seus redutos eleitorais.
Relatório apresentado ontem pelo Ministério do Planejamento informa que a decisão
foi baseada em uma proposta
enviada ao Congresso no dia
anterior -sem divulgação-
para reduzir, mais uma vez, o
montante mínimo a ser poupado neste ano para o abatimento
das dívidas interna e externa.
Segundo o texto, R$ 28,5 bilhões em obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) poderão ser abatidos da
meta de superavit primário,
que é apurado a partir da diferença entre as receitas e as despesas com pessoal, programas
sociais, custeio administrativo
e investimentos.
Já se sabia que a área econômica pretendia autorizar o uso
do PAC para o cumprimento da
meta fiscal, mas o valor mencionado foi surpreendente
-afinal, o programa de obras
prioritárias não tem mais que
R$ 22,5 bilhões autorizados no
Orçamento deste ano.
Procurado, o Planejamento
informou que a diferença se refere aos R$ 6 bilhões prometidos para o programa Minha Casa, Minha Vida, a ser incorporado ao PAC.
Conforme a Folha noticiou
no mês passado, o programa
habitacional ainda está em fase
incipiente de execução: foram
iniciadas as obras de 36,6 mil
de um total de 1 milhão de imóveis anunciados.
Com as novas brechas, ainda
condicionadas à aprovação do
Congresso, o esforço fiscal mínimo da União neste ano, que
já estava no menor patamar em
dez anos, poderá ser reduzido
em até dois terços.
Menor meta da história
Em abril, quando ficaram
evidentes os efeitos da crise internacional na arrecadação tributária, o governo decidiu baixar sua meta de superavit de R$
66,5 bilhões para os atuais R$
42,7 bilhões -que o Tesouro
Nacional diz ser capaz de cumprir integralmente, sem o uso
de artifícios legais. Com o abatimento do PAC, o superavit
mínimo cai para R$ 14 bilhões.
Se considerado esse valor, a
meta para o ano já estaria cumprida, desde que, é claro, não
houvesse deficit nos meses restantes. O uso da brecha, porém,
depende de um êxito inédito
nos investimentos federais.
Embora a liberação de gastos
já esteja em vigor, a execução
do PAC é incerta. Historicamente, o governo federal enfrenta problemas de gestão e
restrições legais que dificultam
o andamento das obras. Até
agora, por exemplo, nem metade das despesas autorizadas em
infraestrutura saiu do papel.
Embora tenha sido lançado
como a prioridade do segundo
mandato do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, o PAC
nunca chegou a cumprir seus
orçamentos anuais.
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