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São Paulo, domingo, 19 de outubro de 2003

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FIM DO SUFOCO?

Já há loja que vende dois itens da linha marrom para cada eletrodoméstico de linha branca que sai

Consumidor procura mais TVs e DVDs do que fogão e geladeira

ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

A recuperação nas vendas no setor de bens duráveis no país ocorre de forma desequilibrada. Se a demanda por itens da linha marrom (televisores, aparelhos de som, DVDs) começou a ocorrer neste mês, na chamada linha branca (refrigeradores, lava-louças, freezers) as vendas patinam.
Duas cadeias de lojas ouvidas pela Folha informaram que a demanda está desigual em outubro. De cada três mercadorias vendidas, uma pertence ao segmento de linha branca, segundo cálculos que uma rede de departamento informou na semana passada.
Em 2002, foram vendidas pouco mais de 18 milhões de unidades em mercadorias da linha marrom e da linha branca. A relação estava em quase um para um -de cada cem aparelhos vendidos, 55 eram de imagem e som e os 45 restantes pertenciam à linha branca.
"No nosso caso, registramos bons números na venda de linha marrom desde agosto. Mas entendemos que essa diferença de ritmo entre as linhas acontece porque a linha marrom tem apelo bem maior", diz Luiz Freitas, diretor de vendas da Semp Toshiba.
A Eletros (Associação Nacional dos Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos) diz que há indícios de que o movimento de retomada tenha começado, mas informa não ser possível dizer ainda que ele ocorre na mesma velocidade para as duas linhas de produtos.
"Estamos num momento em que há claros sintomas de melhoria e que devem se tornar ainda mais evidentes a partir do próximo mês", diz Paulo Saab, presidente da Eletros.
A entidade ajudou a pressionar o governo a assinar, em setembro, uma portaria para a liberação de R$ 400 milhões para estimular a venda de eletroeletrônicos em geral, incluindo a linha branca.
A forte campanha publicitária das redes de varejo, como Casas Bahia e Ponto Frio, para desovar os estoques de televisores e aparelhos de som ajudou a alavancar, em velocidade um pouco maior, a venda da linha marrom.

Fator preço
Mas não é o fator principal: ainda há a questão do preço unitário e dos reajustes nas tabelas promovidos pela indústria.
O preço médio de um freezer (R$ 1.000) é bem mais elevado do que de um aparelho de som ou um DVD (R$ 600). Portanto, quando o consumidor volta às lojas no final do ano e pretende realizar uma compra, essa questão pesa. Isso só não ocorre quando a compra do item é encarada pelo consumidor como necessidade (caso do fogão, por exemplo).
Ainda há o fator dos reajustes. Em junho, julho e agosto, a Fipe mostra que o preço dos itens de imagem e som só caiu. Mas os chamados eletrodomésticos pesados (refrigeradores e fogão) registraram alta de preços no período.
Historicamente, há diferenças nos ritmos de expansão dos segmentos. Quando a economia dá sinais de leve recuperação, o setor de linha marrom se recupera mais rapidamente do que a linha branca. Isso ocorreu em 2000, um bom ano para a indústria.
"Isso [a demanda por linha marrom] tem a ver também com a questão do lazer. Para o brasileiro, o DVD é uma compra por prazer, mais do que, por exemplo, um refrigerador", diz Freitas.



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