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Oposição diz que MP da TV digital vai afetar Zona Franca
Planalto mobiliza senadores para minimizar o conteúdo do documento; Costa afirma que Manaus não perderá nada
Ministro das Comunicações defende investimentos e
diz que o país precisa usar o que tem de melhor em cada região, sem exclusividade
FERNANDA KRAKOVICS
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Governo e oposição acirraram ontem a disputa em torno
dos incentivos para a produção
de componentes da TV digital
no Brasil, que serão objeto de
medida provisória a ser editada
pelo Palácio do Planalto.
O líder do PSDB no Senado,
Arthur Virgílio (AM), anunciou
ontem ter obtido, por meio de
um funcionário do Ministério
do Desenvolvimento, uma minuta da MP. O texto, segundo
sua avaliação, prejudica a Zona
Franca de Manaus -porque
abre a possibilidade de instalação, em outros Estados, de empresas para a fabricação de
componentes e semicondutores de televisores de plasma e
de LCD (cristal líquido).
O tratamento à ZFM tem
pautado a disputa presidencial
no Amazonas. Aliados de Lula
divulgam a versão de que Geraldo Alckmin (PSDB) é inimigo da Zona Franca, utilizando
trechos de um discurso feito
por ele em 1992, quando era deputado federal.
Já o tucano afirma que é alvo
de "boatos mentirosos" e promete liberar os recursos bloqueados da Suframa [autarquia
federal que concede os incentivos] para infra-estrutura e logística, para dar maior competitividade para Manaus.
Preocupado com o impacto
eleitoral das acusações de Virgílio, o Planalto mobilizou senadores para minimizar o tema. "Essa minuta é apócrifa,
não existe", disse a senadora
Serys Slhessarenko (PT-MS),
orientada pela Casa Civil.
O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR),
afirmou que o documento é resultado de um estudo do Ministério do Desenvolvimento, e
não a minuta da MP. Segundo
ele, o texto final ainda está sendo discutido. "O presidente Lula é parceiro da Zona Franca."
No documento apresentado
por Virgílio, há o seguinte cabeçalho: "Minuta de MP enviada
pelo MDIC, em 06/10/06, para
a Casa Civil, através do Aviso nš
127/GM-MDIC".
"Se a medida provisória do
governo Lula vier ao ar tal como a minuta sugere, simplesmente esvaziará economicamente o Amazonas, aniquilando o Pólo Industrial de Manaus, cujo faturamento depende em 63% do segmento eletroeletrônico e cujos empregos
dependem em 50% desse mesmo setor", disse Virgílio.
Pouco depois, após palestra
no Ministério das Comunicações, o ministro Hélio Costa foi
questionado por jornalistas de
veículos da região Norte sobre
o teor da MP e negou que ela vá
prejudicar o pólo de Manaus.
"Não é verdade isso. Manaus
não perderá rigorosamente nada na implantação da TV digital." Costa defendeu investimentos em outras regiões."Vamos produzir a TV digital usando o melhor de cada região. Se
você tem condições de fazer um
determinado setor da TV digital no pólo industrial de Manaus, você vai fazer. Se tiver necessidade de fazer uma estrutura seja no Rio Grande do Sul,
em Minas, na Bahia ou no Rio,
por que não? Nós não podemos
ficar com exclusividade."
Em nota oficial, a Casa Civil
afirmou que "políticas de incentivos fiscais a setores industriais" são de competência do
Ministério da Fazenda e que
não havia recebido nenhuma
proposta formal nesse sentido.
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