São Paulo, sexta-feira, 19 de outubro de 2007

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Vendas do comércio sobem 9,9% em agosto, diz IBGE

Instituto atribui resultado a poder de compra e dólar

JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO

As vendas do comércio varejista cresceram 9,9% em agosto na comparação com igual mês do ano anterior. Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), foi o melhor mês de agosto desde o início da série, em 2001.
O cenário de dólar baixo, inflação sob controle e aumento da massa de salários explica o desempenho do setor, segundo Nilo Lopes de Macedo, economista da Coordenação de Serviços e Comércio do IBGE. Em comparação com julho, as vendas cresceram 0,7%, o oitavo mês seguido de expansão.
A principal contribuição para o desempenho do setor veio de hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, com alta de 6,4% em relação a agosto de 2006. Ele foi responsável por 34% da taxa de crescimento do varejo. Para o instituto, o resultado está relacionado ao aumento do poder de compra da população, com maior massa salarial.
Os dados deste segmento em relação a julho, no entanto, mostram queda de 0,5%, causada pelo aumento de preços de produtos alimentícios.
Para Macedo, não há sinais de que a alta dos alimentos continuará a pressionar as vendas. "O repique da inflação foi muito concentrado nos alimentos. Isso pode ter afetado o ritmo de consumo, mas em setembro a inflação já desacelerou", disse.
Para Carlos Thadeu de Freitas, economista da CNC (Confederação Nacional do Comércio), o recuo das vendas de alimentos em agosto reflete a leve desaceleração da massa de salários. Em maio ela registrou alta de 7,2% na taxa acumulada em 12 meses, em agosto esse percentual foi de 6,9%.
"O emprego formal está crescendo, mas com salários menores. A massa real de salários é o sinal de que não existe economia aquecida no Brasil, e sim movimentada pelo crédito, o que não dura para sempre."
O segundo segmento de maior influência nos resultados foi o de móveis e eletrodomésticos, com alta de 16,8% em relação a julho. Macedo destaca que, além da influência do crédito, o consumidor tem sido incentivado a gastar mais com lançamentos de produtos.
"O crédito é a principal alavanca de crescimento do setor, mas há também um processo de inovação constante, com novo design e novos produtos, como TV de plasma e celulares mais avançados", disse.
O setor de outros artigos de uso pessoal, que abrange lojas de departamentos, óticas, joalherias e brinquedos registrou alta de 19,5%, influenciado pelo Dia dos Pais.
Freitas avalia que o comércio pode encerrar o ano próximo do melhor desempenho da série, o crescimento de 9,2% em 2004. No acumulado do ano até agosto, o setor registra alta de 9,7%.


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